Após diversas polêmicas envolvendo a gestão financeira do estado, paralisação de servidores e algumas manifestações, o governador do Piauí Zé Filho (PMDB) rompeu o silêncio e falou com a imprensa nesta terça-feira (2) durante uma coletiva no Palácio de Karnak. Zé Filho atribuiu a atual dificuldade econômica à falta de repasses do governo federal e negou que o estado esteja passando por um caos. Segundo ele, o orçamento anual previa cerca de R$ 630 milhões para o Piauí, mas pouco mais de R$ 40 milhões foram repassados, o que demonstra, de acordo com ele, que o estado foi tratado com indiferença.
O governador também destacou que não recebeu o estado em crise do ex-governador Wilson Martins (PSB), mas admitiu que as contas do orçamento estavam esgotadas e salientou mais uma vez que o Piauí foi tratado de forma indiferente pelo governo federal. "Alguns recursos não vieram. É humanamente impossível para qualquer governador cumprir com as responsabilidades quando não há repasse", disse.
Sobre o fato de o estado ter ultrapassado o limite prudencial de gastos previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal e o Tribunal de Contas do Estado (TCE) aplicar sanções devido à extrapolação do limite máximo com a folha de pessoal, Zé Filho disse que fez o corte de gastos. O TCE chegou a pedir a anulação imediata de 680 nomeações de servidores em cargos comissionados e um total de R$ 22 milhões foram bloqueados pela Justiça até que o estado se enquadre na LRF.
"Cumpri apenas a determinação do Tribunal de Contas, mas o que temos é um excesso na máquina administrativa do estado, como por exemplo, cinco secretarias que desempenham a mesma função. Nenhum tipo de contratação foi feita neste período, apenas substituições”, justificou.
Durante a entrevista o governador garantiu que irá pagar a folha salarial, 13º e os reajustes já previstos no orçamento. "Quero acalmar os servidores e dizer que a situação não é de caos. Os salários serão pagos e os reajustes implantados ainda na folha de dezembro", afirmou.
Zé Filho também admitiu a possibilidade do estado deixar de cumprir com o cronograma de algumas obras para garantir o pagamento da folha de pessoal. “Atrasos de obras sempre existiram, e isso é normal. Muitas delas não pararam antes porque se adiantou muitos recursos com o dinheiro do próprio estado e agora não tenho como continuar. Vamos pagar 14 folhas de pagamentos. Prefiro parar uma construção, como a dos presídios de Altos e Campo Maior, para pagar os servidores que estavam com os seus salários atrasados".
Em tom de desabafo, o governador que tentou a reeleição neste ano e perdeu, avaliou a sua gestão e disse que merecia "nota nove pelos nove meses que esteve no poder". "Saio do cargo de cabeça erguida porque muito projetos deram certo como a ampliação do Iapep, Central de Regulação, abertura do Albertão e a construção da ponte de Luzilândia", falou.