Cerca de duas horas após o fim do debate promovido nesta quarta-feira pelo GLOBO, o candidato da Chapa Verde, Wallim Vasconcelos, e o agente e ex-zagueiro do Flamengo, Gélson Baresi, exibiram documentos a fim de provar a existência de um acordo entre a chapa e o técnico Jorge Sampaoli. Mostraram passagens aéreas para Santiago, nota fiscal do hotel onde teria ocorrido a reunião, trocas de mensagem por whatsapp entre Gelson e o técnico argentino, além de um “memorando de entendimento". Não há uma assinatura de Sampaoli ou do agente, tampouco foi exibida uma mensagem dele confirmando o acerto. A justificativa dada para essas ausências é que a vigência do contrato com a federação chilena impede técnico e empresário de assinarem documentos.
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Segundo Wallim, a reunião aconteceu no dia 14 de setembro, no hotel Hilton, em Santiago; ele foi ao Chile acompanhado de Luiz Eduardo Baptista, o Bap, seu aliado de Chapa Verde e ex-vice de marketing da gestão Eduardo Bandeira de Mello. Wallim e Baresi mostraram cópias das reservas de passagens aéreas, cartão de embarque de Bap e nota fiscal do hotel.
Baresi explicou que, ao longo de sua relação com Sampaoli, participou de conversas que envolveram Cruzeiro, seleção da Arábia Saudita, São Paulo e Internacional, além do Flamengo. E disse que, antes, foi consultado pela Chapa Azul, de Bandeira — que se assustou diante dos valores.
À reportagem, Gélson mostrou uma autorização para representar Sampaoli, vencida em setembro de 2012. Formalidade dispensável, segundo o agente.
— Eu e ele entendemos que não era mais necessário. Ele já me conhecia e eu a ele — disse Gélson. Assim, tentou desconstruir a entrevista do treinador, que afirmou não conhecer Wallim e não ter representante. O candidato disse entender que Sampaoli errou no tom por estar sob pressão chilena.
— Nós temos um acordo e acreditamos que será honrado — disse Wallim.
Em seguida, o ex-zagueiro mostrou páginas impressas de trocas de mensagens de Whatsapp entre ele e Sampaoli. Numa delas, encaminha ao treinador os números que, diz o agente, seriam o resultado das negociações: quando pede a Sampaoli que “leia com cuidado", o técnico diz “dale" (O.K.). No entanto, não foi exibida ao GLOBO uma mensagem em que Sampaoli teria concordado especificamente com os valores.
Sobre isso, o agente sustenta que os números foram discutidos em diversas conversas e que Sampaoli, no fim, disse estar de acordo e que, por aqueles valores, assinaria com o Flamengo. Gelson acrescenta que o clube quis reduzir o prazo de contrato de três para dois anos, mas Sampaoli não teria aceitado. E mostra um e-mail da Chapa Verde admitindo o acordo por três anos.
SAMPAOLI INTERCEDERIA POR MULTA
Por último, mostrou o memorando de oito páginas, uma espécie de pré-contrato. Ele condiciona a assinatura à vitória de Wallim nas eleições. Detalha valores — rabiscados para que a reportagem não lesse o salário do técnico — forma de pagamento, bônus por títulos e até percentual da renda do jogo de estreia. No fim, assinam Wallim e Rodrigo Tostes, que será vice de finanças caso a Chapa Verde vença a eleição. O espaço para a assinatura da outra parte não previa Sampaoli, mas Gélson, como representante. Está em branco, por causa do vínculo entre Sampaoli e o Chile. O acerto é de US$ 5 milhões anuais: metade para Sampaoli, o resto para dois auxiliares.
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O memorando condiciona o acordo a outro fator, além da eleição: a assinatura até o dia 11 de dezembro. Para tanto, entre a eleição (dia 7) e o vencimento do acordo, Sampaoli ainda negociaria com a federação chilena — que vive crise institucional desde a renúncia de seu presidente — a liberação de uma multa rescisória de US$ 7,5 milhões.
Indagados se não teria havido precipitação no anúncio, Wallim e Gélson disseram não concordar com a tese. Gélson relata ter conversado com o chileno após a entrevista em que Wallim o anunciou como futuro técnico. Garante que não houve recuo e relata ter pedido uma retratação de Sampaoli, que qualificou de “vergonhosa” a divulgação. O técnico teria dito estar “blindado”, silenciado pelos chilenos.
* Esta reportagem foi editada após a exibição dos documentos por Wallim e Gélson. Inicialmente o texto, publicado logo após o debate, informava que o candidato ainda não tinha mostrado o material.