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Vacina do futuro: pandemia ace

Vacina do futuro: pandemia acelerou estudo para outras doenças.

Publicada em 06 de Abril de 2021 �s 10h16


RIO — Até 2020, não existiam no mercado vacinas feitas de RNA mensageiro. São imunizantes que empregam uma sequência genética do vírus para emular no corpo humano uma resposta imune contra aquele patógeno. Ao fim do ano passado, já eram duas as fórmulas com a tecnologia do RNA mensageiro (da Pfizer e da Moderna) a mostrar altos índices de eficácia contra a Covid-19.

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— A pandemia, como toda crise sanitária, acelerou a ciência e, é claro, o desenvolvimento de vacinas para outras doenças — afirma Natalia Pasternak, à frente do Instituto Questão de Ciência e colunista do GLOBO.

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A microbiologista é uma das convidadas do debate “A vacina do futuro”, que será transmitido amanhã, a partir das 11h, no YouTube, no Facebook e no site do GLOBO. Participam do encontro também o imunologista e pesquisador de vacinas da USP Gustavo Cabral, o chefe do Laboratório de Virologia da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, Maurício Lacerda Nogueira, o imunologista, pesquisador da Fiocruz e professor da UFMG Ricardo Gazzinelli e o virologista e biofísico pesquisador da UFRJ Rômulo Neris.

O evento é uma realização do GLOBO com patrocínio da Bradesco Saúde. As inscrições devem ser feitas pelo site oglobo.globo.com/projetos/avacinadofuturo.

Com mediação da jornalista Ana Lucia Azevedo, os pesquisadores discutem como os estudos para uma vacina contra a Covid-19 podem impactar no futuro dos imunizantes. O uso bem-sucedido da plataforma de RNA mensageiro é considerado um dos principais avanços na área. Rômulo Neris lembra que essa tecnologia já era usada em laboratórios, para procedimentos de pesquisa, mas ainda não havia sido extrapolada como plataforma para uma vacina.

E ainda: Confira o calendário de vacinação em RJ, Niterói, SP, Salvador, Curitiba e mais quatro cidades

— Muitas pessoas nunca tinham ouvido falar dessas técnicas, embora não sejam novas. A manipulação de RNA, por exemplo, para transferir informação de um organismo para outro, já existe há mais de três décadas — afirma Neris. — No meio científico, isso já garantia uma certa confiança na técnica. Claro que só isso não é suficiente, e a vacina precisou passar por testes de segurança e eficácia, muito bem-sucedidos, como vimos.

Atualização rápida
A grande vantagem da tecnologia de RNA, completa o biofísico, é que ela pode ser “atualizada” facilmente. Ele lembra que, para adaptar a vacina da gripe a uma nova variante, por exemplo, é preciso cultivar o vírus com as modificações e, então, inativá-lo. Já na plataforma de RNA mensageiro, basta escrever novamente o código genético com as alterações e sintetizar a molécula em laboratório.

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— Essa facilidade cria um cenário muito favorável para outras doenças. Se para desenvolver uma vacina à moda antiga era muito mais custoso e demorado, no caso das vacinas de RNA mensageiro consegue-se desenvolver mais rapidamente e com custo muito menor — completa Neris.

O biofísico destaca ainda que as vacinas de RNA da Pfizer e da Moderna mostraram que, além de criar anticorpos, são muito eficientes em gerar células de memória, capazes de reconhecer o agente infeccioso mais rapidamente em exposições futuras ao vírus.

— Se essas células forem ativadas assim que você é exposto a um patógeno, a chance de desenvolver uma infecção é mínima. Numa infecção por zika, por exemplo, é crítico que o vírus não alcance a barreira placentária e o feto. Como se faz isso? Precisamos de células prontas e mobilizadas o quanto antes para conter a infecção. Qual seria a melhor opção de vacina? A que gera mais células de memória. E as de RNA mensageiro, no contexto da Covid, têm se mostrado as mais eficientes nisso.

Ana Lucia Azevedo lembra que há pesquisas que buscam combinar vacinas para a Covid-19 e outras patologias:

— Há uma série de estratégias inovadoras contra a Covid-19 em desenvolvimento no Brasil e no mundo, que acenam com avanços também contra outras doenças. Uma delas, por exemplo, é a de um grupo brasileiro, liderado pela UFMG, que desenvolve uma vacina dupla, contra a Covid-19 e a gripe.

Para Pasternak, além de abrir caminho para novas tecnologias, a corrida pela vacina durante a pandemia também aponta para a necessidade de uma “revolução no ecossistema industrial do Brasil”:

— A tecnologia gerada em 2020 para novas vacinas é fantástica e vai abrir portas para mudar a forma como fazemos imunizantes. Mas, no Brasil, a autonomia na produção e no desenvolvimento é muito prejudicada. A Pfizer, por exemplo, conseguiu desenvolver tão rapidamente porque investiu pesado e porque teve investimento do governo americano. No Brasil, se temos laboratórios capacitados, caso de Butantan e Bio-Manguinhos, batemos num obstáculo que é a parceria com a indústria.

Tags: Vacina do futuro - pandemia acelerou

Fonte: globo �|� Publicado por: Da Redação
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