"Uma famÃlia disse sim para que eu pudesse viver. A frase é essa mesmo", define o judoca piauiense Fabieldo Torres, 38 anos. Ele, que foi diagnosticado com cardiomiopatia viral em 2017, precisou de um transplante de coração e recebeu o órgão há cerca de seis meses. O atleta contou ao G1 sobre como a doação salvou sua vida e a respeito da importância de se falar sobre o assunto no Brasil.
Após o diagnóstico, a vida de Fabieldo virou de cabeça para baixo. "Inicialmente, meu médico tentou tratar com medicação, mas não foi o suficiente e ele me disse que um dia eu iria precisar do transplante. Depois tive uma piora e tive que mudar de Teresina para Fortaleza, já que no Piauà não é feito esse tipo de transplante", relatou.
Antes do sim, o judoca passou por quatro tentativas frustradas. "Em duas vezes o coração do doador não estava bem o suficiente para ser transplantado. Nas outras das vezes, o órgão era apto, mas as famÃlias não autorizaram a doação", contou.
Fabieldo ainda lembra do desespero ao saber pela primeira vez que não receberia a doação. "É uma sensação que me fez amadurecer muito. Porque não deixa de ser uma situação em que você precisa que aconteça algo para que você possa continuar a viver", disse.
"Chorei muito, foi um baque muito grande, mas eu soube de pacientes que tinham passado por essa situação nove vezes para dar certo. Foi muito complicado, mas botei na minha cabeça que iria acontecer quando fosse para ser", completou.
O atleta acredita que são várias as possibilidades para recusa das famÃlias em doar os órgãos de um ente querido. "Eles estão passando por um momento muito difÃcil, existe também muita desinformação sobre doação, pode ser também por motivos religiosos", explicou.
‘É preciso falar sobre doação de órgãos’
Fabieldo afirmou que é importante haver um diálogo sobre doação de órgãos. “O médico que fez meu transplante disse que alguns estudos apontam que se no Brasil houvesse uma porcentagem pequena de doadores não existiria fila de espera, pelo tamanho da população do paÃsâ€, comentou.
“É preciso conscientizar as pessoas sobre doação, eu nunca tinha pensado muito sobre o assunto até passar por issoâ€
O judoca sugere à s pessoas que têm a intenção de serem doadoras de órgãos que falem sobre o assunto com seus familiares. “Porque mesmo você dizendo que é doador, quem decide é a famÃlia. E é por meio desse diálogo que esse desejo da pessoa possa ser atendido quando ela falecerâ€, declarou.