Piaui em Pauta

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Um dos fundadores do Twitter conta em livro trajetória inesperada

Publicada em 31 de Março de 2014 �s 12h30


O conceito por trás do Twitter é básico: ajudar as pessoas a atingir uma grande audiência. O conceito por trás do Twitter é básico: ajudar as pessoas a atingir uma grande audiência. Houve uma época em que Biz Stone, um dos fundadores do Twitter, não sabia se sua rede social algum dia teria valor. Um dos momentos que o fizeram mudar de ideia ocorreu no fim de 2006, quando o Twitter previu um terremoto. Ele recorda que deu uma olhada no seu telefone e viu um tweet sobre um terremoto em San Jose. Poucos segundos depois, a terra tremeu em San Francisco. "O tweet foi mais rápido que a terra", lembra Stone. (O mesmo efeito foi observado na costa leste dos Estados Unidos, quando um terremoto atingiu o Estado de Virgínia, em 2011.) O conceito por trás do Twitter, observa ele, era bastante básico: ajudar as pessoas a atingir uma grande audiência. "Esse não é um triunfo da tecnologia, gente", diz ele, rindo. "Era um monte de coisa junto." Imagem: Reprodução/InternetO conceito por trás do Twitter é básico: ajudar as pessoas a atingir uma grande audiência. Em seu novo livro, "Things a Little Bird Told Me" (ou "Coisas que um passarinho me contou", em tradução livre, uma referência ao símbolo do Twitter), que será lançado amanhã nos EUA, Stone descreve a ascensão inesperada da empresa — e dele próprio. O sucesso, diz, tem uma parcela de sorte, "mas gostaria de dizer que a hora [em que a rede foi lançada], a perseverança e dez anos de trabalho duro acabam dando a impressão de que você virou um sucesso da noite para o dia." Hoje, Stone, aos 40 anos, trabalha numa sala rodeada de janelas na sua nova empresa, dona de um aplicativo, o Jelly, que permite aos usuários fazer e responder perguntas através de suas conexões de rede social. A empresa está localizada na parte de San Francisco oposta à que fica a sede do Twitter, onde Stone deixou de trabalhar em 2011, mas continua sendo um consultor. Nascido em Boston com o nome de Christopher Isaac Stone (Biz é um apelido de infância), ele estudou na Universidade Northeastern e na de Massachusetts, antes de desistir do diploma. Trabalhou em empresas de internet, como os serviços para blogs Xanga e Blogger, este fundado por Evan Williams e comprado pelo Google. Stone, Williams e dois outros empreendedores lançaram o Twitter em 2006. Quando abriu o capital, no ano passado, o Twitter atingiu um valor de mercado de US$ 25 bilhões. Stone, que não foi mencionado nos documentos da oferta pública de ações, diz que vendeu parte de sua participação antes da operação, mas que ainda possui uma "fatia significativa" no Twitter. Ele não diz quanto ganhou. Na época da oferta, Williams tinha uma participação avaliada em mais de US$ 1 bilhão e as ações de outro fundador, Jack Dorsey, valiam centenas de milhões de dólares. Stone está longe dos primeiros dias de sua carreira, quando morava num edifício sem elevador em San Francisco. Como não tinham dinheiro para móveis, ele e sua esposa dormiam no chão e usavam uma caixa de televisão como mesa de jantar. Seus colegas no Google, onde trabalhava na época, coletaram US$ 800 numa lata de café para que pudessem comprar uma cama. Ele acabou usando o dinheiro para pagar o financiamento do carro com que ia trabalhar. Finalmente, quando o Google abriu seu capital, Stone pôde pagar todas as suas dívidas. Em seguida, deixou a empresa para abrir um serviço de podcasting com Williams que fracassou, forçando-os a alterar os planos e montar outra empresa que daria origem ao Twitter. Eles começaram o Twitter sem um plano de negócios. "Empresários da velha guarda achariam isso uma loucura, mas é colocar o carro na frente dos bois elaborar um modelo de negócios antes de mostrar que seus serviços são valiosos para um monte de gente", diz ele. "É um tiro no escuro fazer algo assim." Em vez disso, Stone defende a formação de uma grande base de usuários antes de se preocupar em ganhar dinheiro. Mesmo assim, ele admite que essa filosofia funciona melhor com empresas de novas formas de mídia. "Se você está abrindo uma livraria, a coisa é diferente". Pelo menos para o Twitter, a estratégia parece ter funcionado. "Construímos uma marca de bilhões de dólares bem antes de termos um serviço sequer próximo desse valor", diz. Parte desse valor foi baseada em associação. "Estávamos sendo colocados junto com empresas muito melhores e maiores", como Facebook, Google e Apple, diz. Stone ri e lembra: "As empresas devem ter reclamado: "Parem de nos colocar no mesmo barco!"" Mas será que as redes sociais podem realmente produzir tanto dinheiro quanto seus valores sugerem? "É preciso pensar de forma mais abstrata", diz Stone. "Será que um sistema em que milhões de pessoas se conectam diariamente para fazer várias coisas [...] Será que algo assim pode fazer dinheiro?", pergunta. "A resposta é sempre sim." O Twitter continua não gerando lucro, mas ele observa que a empresa está ganhando dinheiro com publicidade. O incrível número de conexões que as pessoas fazem em redes sociais o inspirou a abrir sua empresa atual. O Jelly oferece uma plataforma para que usuários enviem perguntas e problemas nas suas redes e obtenham ajuda. Stone começou perguntando qual era a vantagem de acumular tantas conexões on-line. "[Os usuários] podem querer apenas ver fotos das família e dos bebês das pessoas, e isso é ótimo", diz, mas "a verdadeira promessa de uma sociedade conectada é que as pessoas possam ajudar umas às outras". A julgar pelos recentes protestos na região da baía de San Francisco contra a alta dos imóveis e a desigualdade de renda, nem todo mundo acredita na promessa da ascensão da internet. "Acho que essas coisas particulares têm menos a ver com tecnologia e mais a ver com os que têm e os que não têm", diz, citando a dificuldade em encontrar imóveis a preços populares na região. Ele, porém, vê um lado positivo. "O problema é a existência de muitos bilionários? Isso é um bom problema", diz. "Podemos lidar com isso; não é como se todos tivéssemos uma doença." Stone acha que uma solução para conter o descontentamento é obrigar empresas de tecnologia a colaborar publicamente em iniciativas de responsabilidade social. Mas mesmo ele acha que a tecnologia pode ter seus limites. "Está meio que enlouquecendo", diz. "Tipo, computadores usados nos olhos?", diz, referindo-se a produtos como o Google Glass. Stone diz conhecer um engenheiro que desenvolveu um programa para tirar fotos piscando os olhos. "Seria um cenário de pesadelo", diz. Mesmo assim, Stone não tem planos de abandonar o mundo da tecnologia tão cedo. Além de administrar o Jelly, ele é um investidor anjo ativo e tem financiado empresas de tecnologia como a Square e a Medium, fundada por Dorsey e Williams, respectivamente. Ele ainda se encontra com os outros fundadores do Twitter regularmente, mas acha que está mais difícil coordenar as agendas hoje em dia. "É um pouco mais fácil encontrar o Evan [Williams], já que nós dois temos filhos, mas o Jack [Dorsey] é uma espécie de bilionário chique hoje em dia, então fica um pouco mais difícil de encontrá-lo", diz. E observa, com uma risada: Dorsey "quer ser prefeito de Nova York, diretor-presidente do máximo de empresas possível e [entrar] no conselho da Disney". Uma pessoa ilustre que tem tempo para ver Stone é o Dalai Lama. Pouco antes de a entrevista terminar, a assistente de Stone bateu na porta para lembrá-lo de ir para San Jose, onde ele ia se encontrar com o líder espiritual tibetano na manhã seguinte. "Eu vou dizer, "E aí, Dalai Lama?"", diz, animado. "Vai ser muito bacana, mas não estou autorizado a tuitar sobre isso."

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Fonte: Vooz �|� Publicado por:
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