Refugiados yazidis recebem blocos de gelo no acampamento de Newroz, na província de Hasaka, na Síria. Cerca de 15 iraquianos buscaram refúgio no país vizinho, também
Imagem: AHMAD AL-RUBAYE / AFP Refugiados yazidis recebem blocos de gelo no acampamento de Newroz, na província de Hasaka, na Síria. Cerca de 15 iraquianos buscaram refúgio no país vizinho, também em conflito -
Em uma reunião de emergência, a União Europeia decidiu respaldar a entrega de armas às forças curdas que combatem jihadistas no Iraque por seus países-membros, numa medida que marca uma mudança de posição do bloco em relação ao conflito. A decisão foi tomada após o Reino Unido anunciar que estava pronto a fornecer armas aos curdos, seguindo um caminho já trilhado por Estados Unidos e França.
A reunião de emergência, em Bruxelas, foi marcada em busca de uma posição conjunta do bloco. Segundo o ministro de Relações Exteriores da Alemanha, a UE decidiu apoiar “o fato de alguns países terem respondido favoravelmente” ao pedido do Curdistão iraquiano contra o avanço do grupo extremista Estado Islâmico.
Os mais recentes a aderirem à ação foram Reino Unido e República Tcheca. A decisão britânica foi tomada na noite de quinta-feira, durante uma reunião do gabinete de segurança, e anunciada nesta sexta-feira pela porta-voz de Cameron. Ela representa um envolvimento significativo do Reino Unido na crise.
— Se recebermos um pedido (das forças curdas), vamos considerá-lo positivamente.
Nesta sexta-feira, a República Tcheca anunciou que começará a fornecer armas e munições aos combatentes curdos, conhecidos como peshmergas, no final de agosto, enquanto a Alemanha prometeu enviar suprimentos militares não-letais. Steinmeier, no entanto, não exclui a possibilidade de enviar armas se o nível de risco se mantiver.
MAIS DE 1.500 EUROPEUS NAS FILEIRAS DO ESTADO ISLÂMICO
O envolvimento europeu foi deflagrado pela França, que esta semana anunciou que iria armar os peshmergas, marcando uma mudança na postura europeia em relação ao conflito.
A invasão do Iraque liderada pelos Estados Unidos em 2003 criou uma ruptura na UE, e desde então o bloco vinha resistindo a se envolver no país. Mas o Estado Islâmico, que avança no Iraque e na Síria ameaçando remodelar as fronteiras do Oriente Médio, já atraiu mais de 1.500 europeus para as suas fileiras e, embora combata no Oriente Médio, representa um novo risco para o continente. A ameaça terrorista que esses combatentes podem representar, somada aos 1,5 milhão de deslocados pelos conflitos, levou o bloco a convocar a reunião de emergência.
— Esta crise é de interesse para nossos vizinhos, para nossa segurança e nossa estabilidade — disse a chanceler italiana, Federica Mogherini, em Bruxelas.
Dos muçulmanos radicais saídos da Europa para combater no Oriente Médio, a maioria teria partido de França, Reino Unido e Alemanha. Somente da França, 900 foram recrutados pelo Estado Islâmico e levados para a frente de batalha, segundo o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve.