Ao menos sete pessoas morreram nesta sexta-feira em combates entre separatistas pró-russos e o exército ucraniano perto da cidade de Donetsk, a dois dias de uma eleição presidencial crucial para o futuro da Ucrânia.
O presidente russo, Vladimir Putin, declarou que a crise na ex-república soviética se converteu em uma verdadeira guerra civil e culpou Washington por apoiar a destituição do ex-presidente Viktor Yanukovych, considerado por ele o presidente legítimo do país, embora tenha dito que respeitará a escolha dos ucranianos.
"A crise ucraniana foi desencadeada porque Yanukovych adiou o acordo de associação com a União Europeia. A isso se seguiu um golpe de Estado apoiado por nossos amigos americanos e o resultado é o caos e uma verdadeira guerra civil", declarou Putin no Fórum Econômico de São Petersburgo (noroeste da Rússia).
"Segundo a Constituição não pode haver eleição porque o presidente Yanukovytch (...) é o presidente em exercício", declarou em outro momento. "Mas nós também queremos que a calma retorne (à Ucrânia), vamos respeitar a eleição do povo ucraniano", acrescentou, garantindo que Moscou "trabalhará com as novas autoridades".
Na manhã desta sexta-feira, quatro insurgentes pró-russos e três voluntários que pertencem a estes batalhões que apoiam o exército ucraniano morreram em combates perto do povoado de Karivka, na estrada que permite o acesso ao noroeste de Donetsk, segundo um fotógrafo da AFP no local.
Na véspera, o exército ucraniano registrou suas piores perdas desde o início da operação militar no dia 13 de abril, destinada a retomar o controle de regiões de Donetsk e de Lugansk, com a morte de 18 soldados.
A Ucrânia vai às urnas no domingo, em meio a uma crise política que levou o país à beira da guerra civil e da divisão e desencadeou a pior crise diplomática entre russos e ocidentais desde o fim da Guerra Fria.
Em um breve discurso televisionado, o presidente interino, Olexander Turchynov, convocou todos os ucranianos a ir às urnas no domingo para dar um "poder legítimo" ao país.
"Não deixaremos que nos privem de nossa liberdade e de nossa independência, e não deixaremos que a Ucrânia se converta em um pedaço do império pós-soviético", lançou Turchynov, garantindo que as autoridades fizeram todo o possível para a realização das eleições.
Segundo uma última pesquisa, o multimilionário pró-ocidental e grande favorito, Petro Poroshenko, confirma seu avanço com mais de 44% das intenções de voto, muito à frente da ex-primeira-ministra e ícone da revolução de 2004, Yulia Tymoshenko (8%).
O empresário, que promete gerir a Ucrânia da mesma forma como dirige sua próspera empresa de chocolates, Roshen, não tem garantida a eleição no primeiro turno e talvez precise esperar um hipotético segundo turno em 15 de junho para se tornar o 5º presidente da Ucrânia.
A campanha eleitoral não provocou muito entusiasmo e foi monopolizada pelo medo de uma invasão da Urânia pelas tropas russas - 40.000, segundo a Otan - mobilizadas na fronteira.
A Aliança Atlântica anunciou ter observado movimentos que poderiam sugerir uma retirada parcial das tropas. Moscou afirma, por sua vez, que estes movimentos de tropas já começaram.
Nesta sexta-feira, o chefe do Estado-Maior russo, Valeri Guerasimov, denunciou que dezenas de mercenários estrangeiros, entre eles americanos, combatem no leste da Ucrânia junto às tropas governamentais contra os rebeldes pró-russos.