A direção do Hospital de Urgência de Teresina (HUT) confirmou nesta terça-feira (3) a morte da travesti Rony Pablo Sousa da Silva, mais conhecida como Pâmella Leão. Ela estava internada em estado grave na Unidade de Tratamento Intensiva (UTI) desde o dia 30 de janeiro, quando deu entrada na unidade de saúde depois de ser atingida com um tiro na cabeça durante o Corso.
Segundo a diretoria do HUT, por volta das 00h30 desta terça-feira a travesti teria tido falência múltipla dos órgãos, que culminou na sua morte. Familiares da paciente foram avisados e o corpo levado para Instituto Médico Legal (IML).
O diretor do Hospital de Urgência de Teresina (HUT), Gilberto Albuquerque, informou ao G1 que no início de março Pâmella tinha apresentado melhora no quadro de saúde, chegou a sair do coma, tinha voltado a falar e movimentar alguns membros. No entanto, duas semanas depois ela retornou ao estado grave e passou por nova cirurgia para a implantação de um dreno na cabeça após apresentar hidrocefalia.
"Depois dessa nova intervenção, o quadro dela só foi piorando e a paciente não saiu mais do coma", completou.
De acordo com a investigação policial, a travesti foi atingida quando dançava a coreografia da música "Paredão Metralhadora" na companhia de amigas. Uma delas pegou a arma de um homem que estava próximo ao local, começou a brincar com o revólver e o tiro ocorreu de forma acidental.
Para o delegado Willon Gomes, titular do 12º Distrito Policial, o depoimento da vítima seria fundamental para a elucidação do caso, mas este não foi colhido porque ela teve uma breve melhora e logo retornou para a UTI. Outro problema é que o projétil da bala encontra-se alojado na cabeça de Pâmella e a arma do crime nunca apareceu.
Durante as investigações, a polícia ainda tomou conhecimento sobre a suspeita de um subtenente da PM ser o dono da arma que atingiu a travesti, que segundo o militar havia sido roubada no dia da festa.
Depoimentos
A polícia já ouviu 19 pessoas, sendo quatro delas testemunhas oculares do crime: um garçom, o dono de um bar, uma amiga de Pâmella e a suspeita de atirar na travesti . Todos eles não reconheceram o subtenente e confirmaram que o homem presente na cena do crime era uma pessoa mais jovem, entre 30 e 35 anos.
No depoimento prestado a polícia no dia 17 de fevereiro, o sub-tenente sustentou a versão de que sua arma sumiu após o Corso, ocorrido no dia 30 de janeiro na Avenida Raul Lopes. O delegado Adelmar Canabrava, primeiro a investigar o caso, contou que o policial registrou Boletim de Ocorrência informando o sumiço da arma apenas no dia 2 de fevereiro, três dias após o evento.
"Ele afirma que foi trabalhar no Corso e diz que essa arma sumiu, mas ele não registrou o caso no domingo e nem segunda. Só foi registrar o desaparecimento na terça-feira, quando o caso da travesti já estava noticiado em toda a imprensa e todo mundo já estava sabendo", disse Canabrava.
De acordo com o delegado Willon Gomes, atualmente responsável pelas investigações, a autoria do disparo já foi comprovada e processo de lesão corporal grave encontra-se na Delegacia do Menor Infrator. A suspeita de atirar na Pâmella é a sua amiga, de 16 anos, que confessou ter disparado a arma acidentalmente quando o grupo dançava a coreografia da música 'Paredão Metralhadora'.
"Com o óbito, a acusação da menor se agrava e será transformada em lesão corporal grave, seguida de morte", destacou.