A advogada Mayra Villasante, de 30 anos, foi barrada pelo detector de metais do Complexo Penitenciário Francisco D’Oliveira Conde, em Rio Branco na segunda-feira (12) ao tentar entrar na unidade para atender um cliente. Ainda abalada com a situação, ela conversou com o G1 nesta quinta (15) e disse que sentiu “tratada como uma bandida”.
Mayra tentou por diversas vezes acessar o interior do presídio, e, segundo ela, após várias tentativas sem sucesso, um agente penitenciário chegou a propor que ela fosse até o carro para tirar o sutiã. Ela afirmou que a situação “constrangedora” durou mais de duas horas.
“Me senti impotente, porque infelizmente a gente não pode fazer nada. Tive que me submeter à revista íntima, porque precisava falar com meu cliente. E só assim que eu entrei, após quase duas horas nessa confusão. Foi uma violação aos direitos do profissional, porque eu fui ali para trabalhar e fui tratada como uma bandida”, disse Mayra.
O Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen-AC) informou que não recebeu nenhuma reclamação por parte da advogada sobre o caso, mas que devido a repercussão solicitou o relatório da equipe plantonista. Segundo o órgão, foi apurado pelo relatório que o procedimento adotado pelos agentes “seguiu o padrão”.
O órgão afirmou que a situação está sendo objeto de apuração e que as providências estão sendo tomadas. Caso seja comprovado qualquer tipo de excesso por parte dos agentes, a pessoa deve ser responsabilizada.
A Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Acre divulgou uma nota de repúdio ao ocorrido. Segundo o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Acre (OAB-AC), Marcos Vinícius Jardim, a Ordem vai mandar um ofício ao diretor do Iapen pedindo explicações.
“Uma coisa é você garantir a segurança, mas sujeitar um profissional, que saiu de casa para trabalhar a esse tipo de situação de ter que escultar a sugestão de ir no carro retirar roupa íntima para voltar, é uma coisa inconcebível. Vamos estudar todas as possibilidades que temos para que esse tipo de iniciativa seja cessada e esse agente seja punido da melhor maneira possível”, afirmou o presidente.
A advogada contou que protocolou um pedido de desagravo público contra o Iapen, e também pediu que a OAB tomasse as medidas administrativas e judiciais cabíveis.
“Isso aconteceu comigo e amanhã pode ser com outra colega. Imagina você chegar lá no presídio e o agente olhar para você e dizer que o scanner está programado para sutiãs normais. Em momento algum os dois agentes que estavam na portaria demonstraram boa vontade em resolver a situação. Um dos agentes ainda me respondeu com deboche”, relatou a advogada.