O Ministério da Justiça e o governo de São Paulo acertaram na tarde de hoje a transferência de Antônio Cesário da Silva, de 35 anos, mais conhecido como "Piauí", para o presídio federal de Porto Velho. Segundo autoridades da área de segurança, a Justiça já autorizou a operação, que pode acontecer a qualquer momento. Ele é considerado o chefe da facção PCC na favela Paraisópolis e é investigado por mandar matar seis policiais.
A ação faz parte da ação integrada anunciada hoje pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para combater o crime organizado no Estado.
Uma das medidas é a criação de uma agência que irá integrar os setores de inteligência da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Secretaria Nacional de Segurança Pública, Polícia Militar, Polícia Civil, Receita Federal, Secretaria da Fazenda, Ministério Público, entre outros.
Além da criação dessa força de atuação conjunta, foi definida ainda a transferência de presos para penitenciárias federais. A SAP (Secretaria da Administração Penitenciária) ainda estuda quantas e como serão feitas as transferências dos detentos, mas Cardozo já adiantou que não vai divulgar nomes ou números relativos a essas transferências por questões de segurança. Também não foram dados detalhes sobre o custo dessa atuação em conjunto.
VIDA DE POLICIAL MILITAR VALE 850 REAIS
Bandidos em dívida com o PCC têm de indenizar facção com a execução de PMs. Ou faz o serviço ou morre. Eles têm sido escolhidos para executar policiais militares em São Paulo como forma de pagamento. Segundo o promotor Marcelo Alexandre de Oliveira, do Gaeco (Grupo Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) de Guarulhos, não só as “mensalidades” que a facção exige são levadas em conta. “Se perdem armas ou drogas, entram na dívida.”
Uma gravação feita com autorização judicial flagra um bandido lendo as normas do crime organizado (salve-geral) para o interlocutor. Ele cita um aumento na mensalidade do crime de R$ 600 para R$ 850 e também exige que dois policiais sejam mortos para cada assassinato de um de seus “irmãos”, como são conhecidos os parceiros do crime organizado. “Se os bandidos não pagarem a mensalidade, também são eleitos para matar policiais para não serem executados”, disse Oliveira.
Das 18h de domingo até as 6h de segunda-feira, 13 pessoas foram assassinadas na Grande São Paulo. Neste ano, 90 policiais militares foram mortos, 40 deles com características de execução.
O deputado Major Sérgio Olímpio Gomes disse que São Paulo vive uma guerra urbana. “Está claro que há uma queda de braço. É iminente a ocorrência de caixa 2 (policiais fazendo justiça com as próprias mãos).” Nesta segunda, um policial militar ficou ferido em um ataque e um agente penitenciário foi executado. O promotor Olivieira citou um exemplo de como age a facção PCC. “O diretor do CDP de Mauá, Wellington Segura, considerado linha-dura pelos detentos, foi executado em 2007. “Os autores do crime foram os mesmos que, anteriormente, tentaram assaltar um policial e se deram mal. A polícia apreendeu um fuzil e, pela perda, eles foram escolhidos para matar o diretor.”