Um dos homens que aparece em um vídeo com brasileiros constrangendo uma mulher durante a Copa do Mundo na Rússia foi identificado como o engenheiro civil Luciano Gil Mendes Coelho.
O vídeo mostra um grupo de brasileiros cercando uma mulher na Rússia e fingindo cantar um hino de torcida enquanto falam palavras de cunho sexual.
O engenheiro civil Luciano Gil Mendes Coelho é natural de Picos e ex-membro do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Piauí (Crea-PI). Em entrevista ao G1 ele pediu desculpas e reconheceu o erro.
"Já pedi desculpas a todas as mulheres. Todos nós somos seres humanos e erramos e além disso não conhecíamos ninguém, bebemos um pouco mais da conta e foi isso. Alguém que não conheço filmou. Mas aqui todos estavam brincando e todos entendem a agitação, mas mulheres realmente tem razão em questionar", declarou o engenheiro.
Ele não foi o único brasileiro identificado.
Diego Jatobá, advogado e ex-secretário de Turismo de Ipojuca, município da região metropolitana do Recife, foi alvo de uma nota de repúdio da OAB-PE, que anunciou nesta segunda-feira que sua conduta será investigada pela Comissão da Mulher Advogada, que encaminhou a denúncia ao Tribunal de Ética e Disciplina (TED) da ordem.
De acordo com o presidente da OAB-PE, Ronnie Duarte, Diego Jatobá pode ter infringido o Código de Ética e Disciplina da Advocacia.
O vídeo também foi alvo de um ato de repúdio da Assembleia Legislativa de Pernambuco.
Já Eduardo Nunes é tenente da Polícia Militar em Lages, Santa Catarina, e será submetido a um processo administrativo disciplinar quando retornar ao Brasil.
"A corporação não corrobora com este tipo de atitude que é incompatível com a profissão e o decoro da classe, previsto no regulamento disciplinar, independentemente de estar em período de férias, folga de serviço ou qualquer outra situação de afastamento, devendo portanto, responder por suas atitudes", diz a PM em nota divulgada nesta segunda.
Preso em operação
O engenheiro civil de Picos Luciano Gil foi preso em 2015 durante operação 'Paradise', deflagrada pela Polícia Federal e Controladoria Geral da União (CGU), para desarticular esquema de desvio recursos públicos e fraudes em licitações na Prefeitura de Araripina, em Pernambuco. Segundo as investigações, o grupo desviava verbas do Ministério da Educação que deveriam ter sido utilizados na construção de escolas, creches e quadras poliesportivas.
A PF identificou que os recolhimentos do INSS e do FGTS não eram pagos e que as obras eram propositalmente atrasadas para se conseguir mais recursos, mas as construções não avançavam. Para conseguir os recursos os engenheiros da prefeitura enviavam informações, fotografias e atestados de medições falsos.
Crea diz que foi "episódio de misoginia"
Em nota, o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) e o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Piauí (Crea-PI) lamentam profundamente que um profissional com registro nos órgãos tenha participado do infame episódio de misoginia e sexismo realizado por um grupo de brasileiros durante a Copa do Mundo 2018.
O Confea e o Crea-PI ressaltam que atitudes como as protagonizadas podem caracterizar infração ao código de ética profissional já que o mesmo ressalta que “constitui-se infração ética todo ato cometido pelo profissional que atente contra os princípios éticos, descumpra os deveres do ofício, pratique condutas expressamente vedadas ou lese direitos reconhecidos de outrem”.
Prefeitura diz que servidor responde por não comparecimento
A prefeitura de Araripina, Pernambuco, divulgou nota informando que o servidor responde a inquérito administrativo por não comparecimento para exercer as funções de engenheiro civil.