Até outro dia, o nome de Ticiana Villas Boas era relacionado à apresentação de realities de culinária e um certo deslumbre por ser casada desde 2012 com o bilionário Joesley Batista. Desde que o empresário delatou o esquema de propina pago a vários políticos com o suposto aval do presidente da República, Michel Temer, no entanto, a jornalista viu seu nome queimado e amarga impopularidade.
Ticiana está à frente hoje do “Duelo de mães”, gravado anteriormente em sua própria produtora, a Tanajura Filmes, e estrearia a terceira temporada de “Bake off Brasil”, no SBT. “A ordem é que a produção continue. Mas ninguém sabe se ela vai apresentar”, conta uma fonte. “Dificilmente ela retorna. A rainha do gado perdeu a credibilidade. E atrelar uma marca, que não seja das empresas do marido, ao programa com ela é praticamente impossível”, avalia um publicitário.
A JBS sempre foi a patrocinadora master dos realities de Ticiana. Para se ter ideia, na primeira temporada de “Bake off”, um comercial de 30 segundos custava R$ 268 mil. Três marcas do grupo detiam estas cotas.
O refúgio em Nova York
Ticiana e o marido estão refugiados em Nova York, desde o último dia 10, após a delação premiada. Cidade, aliás, que sempre foi destino do casal, já que possui um apartamento na Ilha de Manhattan, num dos últimos andares do luxuoso Baccarat Residence, perto da Quinta Avenida, no coração da Big Apple.
Era entre este endereço, o apartamento debruçado sobre a Baía de Todos os Santos, em Salvador, e a mansão do Jardim Europa, região nobre de São Paulo, que Ticiana se revezava. Do lado de fora do imóvel baiano, uma placa diz que celulares e fotos de dentro da casa são proibidos. Por lá, um staff de seis funcionários opera o dia a dia da casa.
“É tudo do bom e do melhor. O closet dela não é imenso, mas só tem grifes, como Chanel e Louboutin, que ela adora”, conta uma amiga. Entre os funcionários do casal, uma queixa é constante: o autoritarismo de Ticiana. “Ela não trata empregado como gente comum. Faz questão de mostrar quem manda”, conta um deles.
O ciúme de Joesley
Joesley não fica atrás. O empresário é tido como sisudo e arrogante entre seus empregados e prestadores de serviço. “Do tipo que não cumprimenta ninguém”, conta outro.
Quando conheceu Ticiana ele não sabia quem era ela. E olha que a moça já era a maior estrela feminina da Band, onde apresentava o principal jornal da casa, dividindo a bancada com Ricardo Boechat. “O maior salário era dele, depois vinha o dela e depois o Joelmir Betting. A Ticiana foi uma aposta da emissora. Queriam alguém com sotaque regional no jornalismo de rede. E ela sempre foi muito competente”, conta um ex-colega de trabalho.
Joesley, no entanto, não curtia esse lado da mulher. E queria que ela largasse a televisão. “Ela é vaidosa, gosta de se expor. Ele já estava enrolado até o pescoço e não queria estar sob os holofotes. Mas ela sempre bateu o pé”, conta uma amiga de longa data da apresentadora: “Ele morre de ciúme dela. Liga o tempo todo, não deixa usar roupa curta”.
Blasé e reservada
Nos bastidores dos programas, porém, Ticiana é tida como reservada e blasé. Só chegou para trabalhar de helicóptero uma vez, por exemplo. Quando a operação Carne Fraca veio à tona, ela imediatamente pediu para ser desligada do “BBQ Brasil”, que mostra uma disputa entre churrasqueiros. “Ela não queria associar seu nome à carne que o marido vende”, conta uma produtora: “Ticiana chegou a contratar uma pessoa para apagar os comentários negativos em suas redes sociais por conta dessa operação”.
Ticiana, no entanto, não se furtou a ironizar a operação com dois posts no Instagram. No primeiro mostrava um bife no formato de um mapa do Brasil e a hashtag #carneforte. Um outro pedia para ninguém investigar o Leite Moça.
No último dia 19, a jornalista usou o Instagram e o Facebook para dizer que não poderia se manifestar neste momento. “Não estou forte nem preparada ainda para falar do assunto”. A postagem recebeu mais de três mil recados a detonando. Nem o profissional que apagava os textos raivosos deu conta e ela bloqueou os comentários em sua particular lei do silêncio.