Teresina registra ‘chuva do caju’ após 70 dias; fenômeno é considerado excepcional, diz climatologista
Chuva foi causada por fenômeno que gerou nuvem localizada sobre a capital, causando a precipitação, aponta especialista. Apesar disso, Piauí continua com temperaturas de até 40 °C e umidade relativa do ar de até 15%.
Por Eric Souza, g1 PI
17/09/2024 11h11 Atualizado há 3 horas
Climatologista fala sobre chuva no B-R-O-Bró e alerta para baixa umidade no Piauí
A “chuva do caju” registrada na noite de segunda-feira (16) em Teresina, em meio ao B-R-O Bró, foi um fenômeno excepcional, diz especialista. Antes da segunda, a capital do Piauí estava há 70 dias sem registro de chuva, aponta a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh-PI).
Alguns dos bairros da capital em que houve chuva foram Mocambinho, na Zona Norte; Cristo Rei, na Zona Sul; São João, na Zona Leste; e Renascença, na Zona Sudeste.
Segundo a climatologista Sara Cardoso, coordenadora da Sala de Monitoramento e Prevenção de Eventos Climáticos Extremos da Semarh, a chuva foi causada pela interação entre dois sistemas meteorológicos: célula de alta pressão e “cavado”.
A célula de alta pressão, presente atualmente no território brasileiro, inibe a umidade e provoca as temperaturas elevadas. Já “cavado” é o nome dado às correntes de vento formadas em níveis altos da troposfera.
“O encontro entre os dois sistemas atraiu umidades residuais pontualmente para Teresina, o que costumamos chamar de ‘chuva do caju’. Ela não é comum nesta época do ano e nem estava prevista para este mês”, afirmou a climatologista.
Nuvem formada sobre Teresina foi produzida por interação entre sistemas meteorológicos — Foto: Divulgação/Inmet
Conforme a especialista, os sistemas não produzem chuvas de grande expressividade. O maior índice de precipitação, de 2,6 mm, foi registrado no bairro Renascença, Zona Sudeste da capital. Não há previsão de outras chuvas até, pelo menos, novembro.
Tempo quente e seco
Apesar da chuva imprevista, 145 municípios do Piauí precisarão lidar com o tempo quente e seco. De acordo com a Semarh, até o próximo domingo (22), as temperaturas máximas devem atingir valores entre 38 °C e 40 °C.
A umidade relativa do ar permanece em níveis críticos, entre 25% e 15%. O extremo sudoeste do estado pode contabilizar índices abaixo de 12%, e os ventos ficarão mais intensos e com rajadas de até 60 km/h.
“A chuva alterou a questão da umidade apenas de forma momentânea, mas os baixos valores continuam durante esta semana”, alertou Sara Cardoso.