O empresário Eike Batista diz que o governo deveria investir mais em suas empresas, já que, acredita, graças a elas o país terá, em alguns anos, melhores condições de infraestrutura.
Grupo EBX recebe R$ 8,1 bi do BNDES em quatro anos
Cita como exemplos o porto do Açu, complexo portuário em construção no norte do Rio, e as termelétricas no Nordeste, que o grupo pretende pôr em operação até janeiro.
"Alguém vai ter que fazer uma estátua para mim em algum lugar", diz o bilionário, que recebeu a Folha em seu escritório, no centro do Rio, com vista para a baía de Guanabara e o Pão de Açúcar.
Ao longo de duas horas, demonstrou irritação com aqueles que só falam na queda do valor das ações do grupo e disse que é alvo de inveja dos que querem sempre uma "ajudinha" do Estado.
"É igual balaio de caranguejo. Quando um sobe, os outros puxam para baixo."
Leia trechos da entrevista.
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Folha - As empresas do grupo EBX têm tido prejuízo, o que leva a quedas no valor das ações e ao descontentamento dos acionistas...
Eike Batista - Os jornalistas escrevem que houve prejuízo no trimestre, mas não é prejuízo, é investimento. Uma empresa em fase de investimento mostra prejuízo no balanço por razões contábeis. Mas o que sai publicado cria um dano na cabeça do pequeno investidor, que vende a ação. Aí ela sobe, mas esse acionista está fora. Isso aqui é um grupo sério, construindo um negócio sério.
Em que medida essas quedas atrapalham seu negócio?
A mim não incomoda, porque em alguns casos eu estou comprando as ações de volta. Se não me querem, eu me quero. Eu me gosto.
Mas é fato que os acionistas ganham ou perdem dependendo do desempenho...
Isso [o EBX] é um bicho vivo. Em quatro anos, gastamos R$ 8 bilhões para botar as térmicas do Nordeste em pé. Vamos gerar 5% da energia firme [disponível] do país. Quem está empreendendo nessa escala, construindo projetos de infraestrutura? Caramba, isso não se faz em seis meses.
Tudo o que eu faço é construir o Brasil. Alguém vai ter que fazer uma estátua para mim em algum lugar. Vamos evitar o apagão.
Seu tom nacionalista o aproxima do governo?
Feliz quem tem um sujeito que pensa o país 50, 100 anos na frente. Não faz puxadinho. E coça seu bolso antes. Porque a turma do financiamento vem depois. O BNDES devia vir mais. Faço o pleito toda hora. Os fundos de pensão estrangeiros me compram e são meus sócios. E os fundos brasileiros, cadê? Alô, vocês estão perdendo 15%, 20% de taxa de retorno. Mas o BNDESPar tem participação em empresas do grupo.
Tem e estão vindo tarde. É bom vir com mais. Se meus projetos não ficarem em pé, é o Brasil quem vai sofrer. Eu sou um grupo nacional e apoiá-los é o que um banco de fomento faz. E não é de graça. Tem que pagar de volta.
Eike Batista