Diante da entrada de trabalhadores temporários e de uma menor procura por trabalho, a taxa de desemprego caiu, em novembro, para o seu menor nível em dez anos.
A taxa de 4,9% é a mais baixa para os meses de novembro desde 2002, quando teve início a atual Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE. Na média deste ano até novembro, a taxa ficou em 5,6%, abaixo dos 6,1% em igual período de 2011.
Essa menor procura em novembro, diz o IBGE, foi caracterizada pelo crescimento maior do contingente de desocupados (8% ante outubro) do que o de ocupados (0,4%).
Segundo Cimar Azeredo Pereira, gerente da pesquisa, a taxa de desemprego tende a cair em dezembro, seguindo o padrão histórico da pesquisa.
Os motivos são os mesmos: menos gente sai em busca de trabalho e as contratações de temporários aceleram ainda mais.
"Nesse ano, como o Natal e o Ano Novo caem no meio da semana, a procura por emprego deve ser menor", disse.
De acordo com Pereira, o pagamento da primeira parcela do décimo terceiro salário e o fato de mais pessoas saírem de férias a partir de novembro (e receberem o abono) injetam dinheiro na economia e estimula o consumo. Diante disso, as empresas precisam contratar.
"As pessoas planejam comprar carro, ainda mais com o estímulo do IPI reduzido, ou fazer reformas em casa. Isso faz crescer a demanda por mão de obra."
O crescimento do emprego ocorreu sobretudo nos setores de construção civil (alta de 2,3% frente a outubro), comércio (0,3%) e serviços prestados às empresas (1,5%). Este último ramo concentra os trabalhadores terceirizados de várias áreas.
Já a indústria, que sente mais o impacto da crise externa, o emprego caiu 1% _em São Paulo, maior polo fabril do país, a ocupação no setor ficou estável.
"A indústria tende a demitir a partir de novembro tradicionalmente. É que a produção para atender à demanda de final de ano já foi antecipada e ocorreu entre agosto e outubro", avalia.
CRISE E MERCADO DE TRABALHO
Apesar do menor crescimento da economia _que deve ficar próximo a 1% neste ano, o mercado de trabalho segue firme. A renda segue em alta (0,8% de outubro para setembro), a taxa de desemprego se mantém em queda e o a geração de postos de trabalho cresce num nível maior do que a população.
O único "sinal de atenção" é a desaceleração das contratações com carteira assinada. Em novembro, houve uma ligeira queda de 0,2% (vista como praticamente estável pelo IBGE) frente a outubro e alta de 2,5% ante novembro de 2011, em ritmo menor do que em meses anteriores. (PEDRO SOARES)