Publicada em 03 de Março de 2016 �s 11h11
Emocionante. Essa é a palavra para descrever a apresentação do grupo de teatro Mulheres de Aço e de Flores, na noite dessa quarta-feira (2), no Theatro 4 de Setembro. O motivo é especial: o grupo é formado por detentas da Penitenciária Feminina de Teresina, que, pela primeira vez no Piauí, fazem a apresentação pública de uma peça teatral.
O projeto Mulheres de Aço e de Flores é desenvolvido pela Secretaria de Estado da Justiça e pela gerência da Penitenciária Feminina há um ano. Dele, fazem parte 75 reeducandas da unidade prisional, que buscam na expressão artística teatral formas de se ressocializar, ou seja, se reintegrar à sociedade após cumprirem a pena.
No Theatro 4 de Setembro, para uma plateia lotada, as detentas apresentaram o espetáculo Cartas de Minha Vida, idealizado pelo artista plástico Valdson Braga e que faz referência à historia das reeducandas, por meio da alusão à vida da pintora mexicana Frida Kahlo. Nessa peça, dez reeducandas atuaram na encenação.
"O teatro está fazendo aflorar em nós algo que há muito tempo estava escondido. Agradeço a Deus e ao professor por essa oportunidade e a todos que estão aqui nos assistindo. Estão mostrando para nós que somos capazes de mudar de vida. Erramos, mas estamos aqui para consertar nossos erros", diz a reeducanda Lindinalva Alves da Silva.
A vice-governadora Margarete Coelho prestigiou o evento e fez um discurso de enaltecimento da mulher. "Sabemos o quanto é complicado ter uma noite como essa. A mulher sofre muito na sociedade, ainda mais em sendo mulheres privadas de liberdade. Essas reeducandas estão mostrando que não se pode privar de liberdade aqueles que têm sonhos", afirma Margarete.
Já, o secretário da Justiça, Daniel Oliveira, observa que o caminho adotado pela Secretaria da Justiça, ao implementar projetos como o de teatro na Penitenciária Feminina, é o de "frutificar a cultura da paz", não apenas nas unidades prisionais, mas, por meio do exemplo de superação, em toda a sociedade.
"Temos o dever de lutar para oferecer caminhos para que essas pessoas saiam melhores da prisão. Inúmeros são os testemunhos de ex-detentos que saíram da penitenciária e voltaram a estudar, trabalhar, a construir uma nova vida. Unidos, podemos construir um mundo melhor, que respeite as pessoas, os direitos humanos, as mulheres", pontua Daniel Oliveira.
A peça Cartas de Minha Vida fez parte da programação do Governo do Estado relativa ao mês da mulher, cujo ápice será no dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher. Após o evento, foi realizada uma exposição de quadros de Valdson Braga. Metade da renda arrecadada será destinada à estruturação dos espaços de ressocialização na Penitenciária Feminina.
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