O esvaziamento do sistema Cantareira acelerou nos últimos dias e acendeu um alerta dentro da Sabesp, empresa de abastecimento de água do governo de São Paulo.
O ritmo de retirada de água das represas aumentou 64% no final de junho em relação ao começo do mesmo mês. saiba mais Situação do Sistema Cantareira ainda é dramática, diz presidente da ANA Sem chuvas em SP, Cantareira pode secar até outubro Nível do Sistema Cantareira volta a cair e chega aos 26,2% Maio pode tornar-se o mês mais seco da história do Cantareira Chuva deste domingo não atingiu o Sistema Cantareira Leia mais sobre Crise no Sistema Cantareira
O sistema é responsável pelo abastecimento de 8,8 milhões de pessoas na Grande São Paulo e, diante da crise hídrica histórica, já está usando desde maio seu "volume morto" -reserva de água do fundo dos
reservatórios.
Um dos motivos do esvaziamento acelerado do Cantareira é que a quantidade de chuva foi muito abaixo da média prevista para junho.
Mas técnicos da Sabesp também atribuem a redução a outros fatores, incluindo um enfraquecimento da campanha de conscientização.
No período de seca, eles citam ainda ter havido alta do consumo de água por uma parte da população logo depois do início da Copa. Questionada pela Folha, a empresa não revelou os dados.
Se não houver uma reversão na tendência de esvaziamento mais acelerado, a previsão da Sabesp de que a água armazenada no sistema garantirá abastecimento até março de 2015 -considerando a elevação do
volume de chuva nos próximos meses- pode ser comprometida.
Nos dez primeiros dias de junho, a queda do volume do Cantareira foi de 1,1 ponto percentual. Nos dez últimos dias do mês, atingiu 1,8.
O sistema estava operando nesta terça-feira (1º) com 20,4% de sua capacidade. Editoria de Arte/Folhapress IMPLICAÇÕES
A aceleração da queda dos níveis do Cantareira, se for mantida, pode ter implicações na estratégia do governo Geraldo Alckmin (PSDB) para evitar um rodízio.
A Sabesp projetava internamente uma redução média de até 1,5 ponto percentual no volume dos reservatórios a cada período de dez dias.
Nesse cenário, a capacidade atual seria suficiente para abastecer a população até janeiro de 2015 -ou até março, considerando um maior volume de chuvas no fim do ano.
O ritmo de perda, porém, já se aproxima de 2 pontos percentuais em dez dias -cenário que, sem novos temporais, poderia esgotar a água do Cantareira em outubro.
Entre os motivos para a aceleração das perdas no Cantareira está o fato de junho não ter tido tanto frio e o clima ter ficado mais seco do que o normal. A chuva acumulada no sistema foi de 15,8 mm, contra a média
histórica de 56 mm nessa época.
Além disso, a Sabesp interrompeu a exibição na TV de propagandas de incentivo à redução do consumo de água.
Internamente, integrantes da estatal dizem que a Copa pode ter mudado os cronogramas de divulgação do programa de economia de água -mas a empresa nega.
MEDIDAS
Nesta terça, Alckmin anunciou alguns detalhes do cronograma para diminuir a captação de água do Cantareira.
Segundo ele, até outubro, obras que estão em andamento serão concluídas e permitirão que reservas de outros sistemas sejam desviadas para abastecer regiões que hoje dependem do Cantareira.
O governador afirma que ainda em julho será possível usar águas do sistema Rio Grande, que atende parte do ABC, para abastecer as torneiras de 150 mil usuários da zona leste da capital.
No fim do ano, será a vez de o Guarapiranga fornecer para 300 mil pessoas que hoje dependem do Cantareira.
Alckmin afirmou que a população tem contribuído com a economia de água e minimizou as quedas no volume do sistema. "Já contávamos com essa queda. Não esperávamos chuva nos meses de inverno. Aprendi na
roça que só chove em mês com [a letra] "r", então volta em setembro."