Sindicatos de várias regiões aderiram à greve nacional dos funcionários da Petrobras. A greve foi iniciada na quinta-feira (29) por cinco sindicatos que compõem a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP). No domingo (1), uniram-se ao movimento os sindicatos filiados à Federação Única dos Petroleiros (FUP), incluindo o da Bacia de Campos.
Procurada pelo G1 nesta segunda-feira (2), a Petrobras afirmou que está avaliando os impactos das mobilizações dos sindicatos. "As equipes de contingência da empresa foram acionadas e estão operando em algumas unidades. Em alguns locais, estão ocorrendo bloqueios de acessos, cortes de rendição de turno e ocupação", disse a estatal.
Ainda segundo a petroleira, a companhia "está tomando todas as medidas necessárias para manter a produção e o abastecimento do mercado, garantindo a segurança dos trabalhadores e das instalações".
Em nota, a FNP informou que, aos poucos, os sindicatos que integram a FUP começaram à aderir, no domingo, ao movimento iniciado pelos sindipetros Litoral Paulista, São José dos Campos, Rio de Janeiro, Alagoas/Sergipe e Pará/Amazonas/Maranhão/Amapá. Ainda segundo o sindicato, a produção das unidades foi afetada.
A categoria pede reajuste salarial de 18%. Na véspera, foi rejeitada a nova proposta da Petrobras de reajuste de 8,11%. A paralisação também protesta contra o plano de venda de ativos da estatal e busca manter direitos dos trabalhadores, em meio às dificuldades financeiras da estatal.
Adesão da Fup
A greve da FUP, com seus 12 sindicatos, teve início no domingo, por tempo indeterminado, após não conseguirem acordo com a Petrobras para uma série de reivindicações. A FUP tem como afiliado o Sindipetro Norte Fluminense, que representa funcionários da Bacia de Campos, responsável por mais de 70% do petróleo produzido no Brasil.
Contrária ao plano de desinvestimentos na Petrobras, a FUP reivindica interrupção do processo de terceirização em curso na empresa e a retomada dos investimentos no país. "Os cortes de investimentos, venda de ativos, interrupção de obras e paralisação de projetos impactam o desenvolvimento do país e a soberania nacional", disse.
Veja abaixo as regiões que aderiram ao movimento nacional:
Bahia
Os trabalhadores da Petrobras na Bahia entraram em greve por tempo indeterminado desde o domingo (1º), de acordo com o Sindicato dos Petroleiros (Sindipetro-BA). A paralisação adere ao movimento nacional e o sindicato afirma que em torno de 85% dos funcionários da companhia pararam no estado.
O coordenador geral do Sindipetro-BA, Deyvid Bacelar, informou ao G1 que a greve já conta com adesão de trabalhadores de 39 unidades na Bahia. “Nós já paramos os campos terrestres de Candeias e da Refinaria Landulpho Alves, [em São Francisco do Conde]”, diz o sindicalista. Segundo ele, a paralisação afeta os setores de operação e administração da petroleira.
Espírito Santo
Cerca de 800 petroleiros que atuam no Espírito Santo aderiram à greve nacional que teve início na tarde de domingo (1). No Espírito Santo, o movimento afeta as plataformas P-57 e a P-58, da Petrobras, a Unidade de Tratamento de Gás de Cacimbas (UTGC), em Linhares; o Terminal de Barra do Riacho, em Aracruz e o Terminal Aquaviário de Vitória (TAVIT). A Petrobras disse que está tentando manter a produção e o abastecimento do mercado.
Minas Gerais
Funcionários da Petrobras em Minas Gerais iniciaram, na noite de domingo (1º), uma greve por tempo indeterminado, segundo o Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais (Sindipetro-MG). Os funcionários estiveram em frente à Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, para convocar mais trabalhadores a aderir o movimento. O sindicato representa ainda trabalhadores da capital, de Montes Claros e de Ibirité.
Rio de Janeiro
Petroleiros da Bacia de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, aderiram à greve nacional e os trabalhos em 37 plataformas estão afetados. Vinte e três estão totalmente paradas; oito estão com poços restringidos, com reduções na produção que variam de 20% a 97%, e em cinco os funcionários terceirizados passaram a plataforma para as equipes de "pelegos" (contingência formada pela Petrobras). Os dados são do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF).
Estão em greve as plataformas PCE-1, PGP-1, PPM-1, PPG-1, PNA-2, PCH-1, PCH-2, PVM-1, PVM-2, PVM-3, P-07, P-08, P-09, P-12, P-15, P-18, P-25, P-26, P-20, P-31, P-32, P-33, P-37, P-40, P-48, P-50, P-51, P-52, P-53, P-54, P-56, P-61, P-62, P-63 e P-65. No Terminal de Cabiúnas, em Macaé, houve corte de rendição.
São Paulo
Segundo a FNP, no Litoral Paulista, todas as unidades operacionais permaneceram em greve no fim de semana. No domingo, nas plataformas de Merluza e Mexilhão, na Bacia de Santos, os operadores montaram comissões decidiam quais serviços seriam feitos. Em Mexilhão, onde a unidade está atualmente em parada, a greve gerou impactos, diz a FNP. A parada foi antecipada também por conta do forte movimento da UTGCA, que vem afetando o processo de produção da unidade.
Após 31h, os funcionários da Replan, refinaria da Petrobras em Paulínia (SP), deixaram a empresa e uma equipe de contingência assumiu as operações. O grupo foi liberado por volta das 14h, segundo o sindicato da categoria. Com a greve decretada no domingo (1º), as trocas de turno haviam sido suspensas.
Segundo a direção do Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo (Sindipetro Unificado), durante as negociações nesta manhã foi fechado um acordo com a gerência da Replan para a saída dos 70 operadores, que iniciaram o turno às 7h do domingo.