O presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, encaminhou nesta segunda-feira (16) para o ministro Gilmar Mendes um novo pedido de abertura de inquérito sobre o senador Aécio Neves (PSDB-MG), suspeito de ter atuado para tirar da CPI dos Correios, em 2005, informações sobre o chamado mensalão mineiro.
A suspeita surgiu em depoimento resultante do acordo de delação premiada do ex-senador Delcídio do Amaral. Na semana passada, o ministro Teori Zavascki, responsável pela Operação Lava Jato no STF, havia enviado o pedido para Lewandowski, para redistribuição.
A assessoria do senador Aécio Neves divulgou no início da noite a seguinte nota: "Como já informado anteriormente, pesquisa oficial feita nos arquivos da CPMI dos Correios atesta que sequer houve o pedido mencionado pelo senador Delcídio Amaral. Isso demonstra a improcedência da citação feita ao senador Aécio Neves, o que ficará comprovado após a análise do caso".
Teori Zavascki já tinha enviado para Lewandowski outro pedido de inquérito sobre Aécio, relacionado a suposto esquema de corrupção em Furnas.
O ministro não viu conexão com fraudes na Petrobras, e pediu envio a novo relator. Por sorteio, o caso caiu com Gilmar Mendes.
Mendes abriu inquérito, mas, diante de informações prestadas por Aécio Neves de que não havia novos indícios, suspendeu a coleta de provas autorizada e pediu uma reavaliação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, autor dos dois pedidos.
O segundo pedido feito por Janot também tem como alvos o deputado federal Carlos Sampaio (PSDB-SP) e o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB).
Os três são suspeitos, segundo a PGR, da tentativa de esconder dados sobre o mensalão mineiro durante a CPI dos Correios, em 2005, que investigou o mensalão do PT.
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O que disse Delcídio
No termo de colaboração 18 de Delcídio do Amaral, ele indica irregularidades para maquiar dados do Banco Rural em relação ao mensalão mineiro durante a CPI dos Correios, em 2005, que investigou o mensalão do PT. Delcídio do Amaral era presidente da CPI.
Segundo a delação de Delcídio, quando surgiram pedidos de quebra de sigilo contra o Banco Rural integrantes do PSDB ficaram incomodados. Que o então governador de Minas, Aécio Neves, enviou pedido pelo então secretário-geral do PSDB, Eduardo Paes, para prorrogar prazos de entrega das quebras.
O senador cassado falou que, além de Aécio e Paes, o deputado Carlos Sampaio também sabia da maquiagem dos dados. Segundo ele, o relatório final da CPI dos Correios "foi feito com base nestes dados maquiados".
Defesa de Aécio
Em pedido já enviado ao STF para arquivar a investigação, a defesa nega tentativa de Aécio de influenciar as investigações da CPI. Argumenta, por exemplo, que um pedido para prolongar o prazo de entrega de dados pelo Banco Rural “jamais” foi protocolado.
Além disso, nega que reunião entre Delcídio e Aécio em junho de 2006 tenha tratado do assunto, já que a CPI não mais existia nessa época.
“O então presidente da CPMI [Delcídio] não foi fidedigno aos fatos ao contar sua história, o que faz cair por terra suas imputações aleatórias”, diz o pedido de arquivamento.