A Secretaria Estadual de Saúde (Sesapi) irá investigar a morte de um bebê nascido em uma maternidade particular de Teresina no domingo (22). A suspeita é de que a criança tenha morrido em decorrência da microcefalia, anomalia caracterizada por um crânio de tamanho menor que a média.
Médicos que fizeram o acompanhamento da gestante afirmaram, no entanto, que o bebê foi diagnosticado com hidrocefalia (acúmulo de líquido dentro do crânio) ainda na 23ª semana de gestação, mas que há a possibilidade da criança também ter sido acometida pela microcefalia. A mãe relatou que no quinto mês de gravidez teve uma virose, mas não foi identificado o tipo de vírus.
O G1 ouviu o obstetra Anatóle Borges e ele explicou que uma anomalia não descarta a outra e que ambas podem ter relação com o fato da mãe ter tido zika vírus, mas ainda não há um estudo fechado sobre essa hipótese.
"Um feto com hidrocefalia pode ter ao mesmo tempo a microcefalia porque quando temos o acúmulo de água no cérebro, ele pode contrair e ficar pequeno", falou.
O Piauí está entre os estados com altos números de registros de bebês portadores de microcefalia. São 27 casos somente este ano, um aumento de 350% em relação às notificações no ano passado. As causas ainda estão sendo investigadas. Uma das hipóteses relaciona o aumento de casos a infecções por zika vírus - vírus que foi identificado pela primeira vez no país em abril deste ano.
Diante da alta incidência de bebês nascendo com essa anomalia, a Sesapi instituiu em parceria com outros órgãos como a Universidade Federal do Piauí (UFPI), Fundação Municipal de Saúde (FMS), Maternidade Dona Evangelina Rosa (MDER), Maternidade Santa Fé, Ciamca, Laboratório Central do Estado (Lacen) e Ministério da Saúde, o Comitê de Operações de Emergência em Saúde-Microcefalia.
Além do Piauí, outros estados do Nordeste têm registrado um aumento nos casos de microcefalia. Pernambuco, Rio Grande do Norte e Paraíba também relataram preocupação com os últimos dados.
Segundo documento divulgado pela Secretaria de Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SEVS/SES-PE), parte das mulheres que tiveram bebês com microcefalia apresentaram erupções na pele durante a gravidez. Apesar de este ser um dos sintomas do zika vírus, não há evidências suficientes para associá-lo à microcefalia, de acordo com o órgão.