Publicada em 21 de Agosto de 2013 �s 16h25
“Como é que vocês montam um convento para a missão no meio do nada?”. Essa foi uma das primeiras indagações de um ministro geral da Ordem dos Capuchinhos no Brasil, quando chegou a Teresina, aproximadamente em 1874, conforme Frei Otacílio, atual vigário do convento. O questionamento do ministro surgiu pelo fato de o convento ter sido instalado fora da cidade, assim, ele não conseguia entender quem poderia ser alcançado pela evangelização. Mas o que não sabia é que, anos depois, o local se tornaria a região central da capital piauiense.
O convento e a igreja que levam o nome de São Benedito foram fundados em 1874, quando Teresina ainda era uma menina, com pouco mais de 20 aninhos. Na época, a região era considerada isolada do povoamento central da cidade. De acordo com o doutor em História, Pedro Vilarinho, o ponto onde o convento e a igreja estão situados era uma espécie de zona rural. “A igreja está situada em uma região que era conhecida como Alto da Jurubeba, que ficava mais afastada, era o subúrbio, pois nesse período Teresina possuía apenas cerca de doze quarteirões acima do Rio Parnaíba”, esclarece.
Simples e ordeiro, o convento foi construído para abrigar os frades capuchinhos que participavam da missão Desobriga, no Piauí. “O local foi construído com o auxílio da população, que doou materiais e mão de obra para o que viria a ser a residência dos missionários. A missão Desobriga visava à evangelização da população e foi uma das responsáveis pelo desbravamento da própria capital piauiense e de boa parte do Nordeste”, conta Frei Otacílio.
Ainda em 1874, o Frei Serafim de Catânia lançou a pedra fundamental para a construção da igreja, no Alto da Jurubeba. O desafio foi aceito por todas as camadas da sociedade que, além de materiais de construção, doaram mão de obra. Em poucos dias, já se podia avistar no alto do monte a construção de uma cobertura improvisada para abrigar o Frei, o que denota a existência do espírito solidário do teresinense.
Uma construção iniciada em 1874, mas que só foi concluída 12 anos depois. Apesar de todo o envolvimento da comunidade, a edificação da igreja demorou a ser finalizada por dificuldades paralelas, a exemplo de uma epidemia variólica, que resultou na morte de aproximadamente de 500 pessoas na capital piauiense, além da seca. A igreja foi inaugurada em 3 de junho de 1886, data escolhida por representar no calendário religioso a ascensão de Jesus Cristo. Desde então, se transformou em um cartão postal de Teresina. Através do Decreto nº 10.663 de 22 de outubro de 2001, foi tombada e integrada ao Patrimônio Histórico, Artístico e Paisagístico do Piauí.
Já o convento passou por algumas mudanças ao longo do tempo. Em 1970, o local passou a ser uma escola, mas não por muito tempo, e voltando a abrigar o convento até os dias de hoje. “Depois que a escola fechou, o local se tornou residência de quatro padres, nove seminaristas e um irmão”, afirma o Frei Otacílio.
O que ninguém imaginava é que aquilo que um dia foi uma região de isolamento, hoje, é considerado o coração de Teresina. Quando se visita o Centro da cidade, é praticamente impossível não passar pela igreja e pelo convento, situados em uma das principais avenidas da cidade, que leva o nome do seu idealizador, Frei Serafim.
De tão central, a igreja São Benedito, no auge dos seus 139 anos, é um patrimônio que faz parte do dia a dia dos católicos teresinenses. É o caso do seu Iraci da Rocha Júnior, que reside em Teresina desde 1984 e é um apaixonado pela cidade. “Eu adoro Teresina e a igreja São Benedito faz parte do meu cotidiano. Todos os dias antes de trabalhar, eu passo na igreja para fazer as minhas orações”, conta.
A servidora pública, Maria José Teixeira, adotou Teresina como cidade há 50 anos e também visita a igreja rotineiramente antes do expediente de trabalho. “Todos os dias antes de trabalhar eu passo aqui na igreja São Benedito para fazer as minhas orações, raramente eu não venho. O fato de a igreja estar em uma região central facilita muito para mim”, finaliza.