Com a suspensão dos atendimentos de urgência e emergência, a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo deixará de atender a cerca de 6.000 pessoas por dia. Em comunicado divulgado na terça-feira (21), a instituição afirma que o motivo é "a falta de recursos para a aquisição de materiais e medicamentos".
De acordo com a Santa Casa, além das pessoas que procuram por atendimento de urgência e emergência, também serão prejudicados alguns pacientes que se tratam na instituição e outros com algumas cirurgias marcadas. Apenas os pacientes que fazem tratamentos como quimioterapia serão atendidos.
Antonio Marcos, de 43 anos, foi um dos que procuraram a Santa Casa na noite de terça-feira e se depararam com as portas fechadas. Sua irmã Rita de Cássia, que sofre de câncer, havia passado mal à tarde. Como ela é moradora do Campo Limpo, na zona sul da capital, eles optaram por procurar primeiramente a Santa Casa de Santo Amaro. Depois de ser medicada, Rita e o irmão foram para a Santa Casa de Misericórdia, mas não conseguiram atendimento.
Segundo Marcos, assim que chegou ao hospital, estranhou todas as portas estarem fechadas. Ele perguntou ao segurança e este o informou que todos os departamentos do hospital estavam com atendimento suspenso. O segurança o orientou a procurar o pronto-socorro da Barra Funda, que fica próximo ao bairro.
A Santa Casa ainda informou que não há previsão para que o serviço volte ao normal, pois as negociações com a Secretaria Estadual de Saúde continuam.
Crise Financeira
A crise da Santa Casa de São Paulo é antiga. Em 2011, o hospital ameaçou, pela primeira vez, suspender o atendimento no pronto-socorro.
A dívida da instituição era de R$ 120 milhões. Na época, apesar do aporte mensal de R$ 24 milhões feito pelo Ministério da Saúde e pelo governo do Estado, a Santa Casa tinha um déficit de R$ 10 milhões por mês.
O superintendente do local, Antonio Carlos Forte, atribuía o problema ao aumento de custos de equipamentos e, sobretudo, de medicamentos. A alta no atendimento e novas diretrizes legais — que obrigavam, por exemplo, a troca de cateteres em vez de o reuso com esterilização — também ajudavam a ampliar a crise.
A preocupação que levou o hospital a cogitar o fechamento do pronto-socorro na época era que, sem capacidade para comprar remédios, o atendimento aos pacientes internados ficasse prejudicado.
Naquele ano, a Santa Casa recebeu R$ 10 milhões da Secretaria Estadual de Saúde. A verba de emergência foi concedida para manter o atendimento e para que o pronto-socorro não fosse fechado.