Em inspeção na Arena Corinthians, na última terça-feira, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, exaltou a Rússia, que vai organizar a Copa de 2018 com só um estádio privado. Pelo raciocínio do cartola, com dinheiro do governo fica tudo mais fácil.
E não faz mal, para Valcke, que isso aconteça com orçamentos estourados em um nível que envegonharia até as arenas brasileiras. Com estádios médios a custo de grande. E com atrasos gigantescomos como os dos estádios privados para 2014.
O cenário dos estádio russo para as Copas é desolador, incluindo os primeiros a ficarem prontos. É o caso por exemplo, da arena Kazan.
Seu orçamento inicial era de US$ 155 milhões (cerca de R$ 342 milhões). Tinha prazo de entrega para meados do ano passado. Mas ainda não recebeu um jogo de futebol ("culpa do gramado") e seu preço já bateu nos US$ 455 milhões, ou praticamente o triplo do valor inicial.
Pelo câmbio atual, vai custar mais de R$ 1 bilhão, muito para uma arena com pouco mais de 40 mil lugares. Estádio similar no Brasil, como o de Natal, custou menos da metade.
Mais espetacular, em termos de descontrole orçamentário, é o estádio de Sochi, que serviu de palco dos Jogos de Inverno, no começo do ano, e também será palco de 2018.
Inicialmente, ele custaria US$ 344 milhões. Mas, segundo a mídia russa, saiu no final por US$ 1 bilhão, ou dinheiro suficiente para construir duas Arenas Corinthians.
Mais bizarra é a situação do estádio de São Petesburgo. Sua obra começou em 2007, e a previsão, depois de seguidos atrasos, é que só fique pronto em 2017, ou dez anos depois do início do trabalho. E o custo já bate no US$ 1,1 bilhão, ou R$ 2,4 bilhões, dinheiro suficiente para dois novos Maracanãs.
Além dos atrasos e estouro nos orçamentos, os estádios russos causam preocupação nas finanças das cidades que os abrigam. Segundo a agência de risco S&P, em informe do ano passado, existe o risco desses municípios quebraram por causa dos custos do Mundial. E isso só não vai acontecer se o governo central abrir os cofres e salvar essas cidades.