Em meio a confrontos que ainda acontecem no leste ucraniano, a Rússia cortou nesta segunda-feira os suprimentos de gás para a Ucrânia depois de expirar um prazo de pagamento e depois de negociadores fracassarem em alcançar um acordo sobre os preços do produto e sobre contas não pagas.
A decisão não afeta imediatamente o fluxo de gás para a Europa, mas poderia interromper o fornecimento de longo prazo para a região se a questão não for resolvida, disseram analistas.
O chefe da companhia ucraniana Naftogaz, Andriy Kobolev, disse que a Rússia cortou o fornecimento, mas que a Ucrânia pode ficar sem o gás russo até dezembro.
O porta-voz da russa Gazprom, Sergei Kupriyanov, afirmou que, como a Ucrânia não pagou nada pelo gás até esta segunda, a companhia pediria adiantamentos da Ucrânia para qualquer fornecimento futuro a partir de agora.
A Ucrânia estava pronta para aceitar um acordo em negociações em Kiev para pagar US$ 1 bilhão agora e mais posteriormente, mas a Rússia não aceitou a oferta, afirmou a Comissão Europeia em um comunicado.
A Ucrânia atrasou cronicamente os pagamentos pelo gás que necessita para aquecer as residências e como combustível para suas indústrias. O conflito do gás faz parte de uma disputa mais ampla sobre se a Ucrânia se alinha à Rússia ou à União Europeia. Ele surge em meio a uma severa crise de relações entre os dois países que se segue à anexação da Crimeia pela Rússia em março. A Ucrânia acusa a Rússia de apoiar uma insurgência separatista nas suas regiões orientais, algo que a Rússia nega.
O gasoduto para a Ucrânia também carrega gás direcionado à Europa, mas Kupriyanov afirmou que o fornecimento à Europa continuará como planejado. Segundo ele, a Ucrânia tem a obrigação de garantir que o gás chegará aos consumidos europeus.
Entretanto, a Gazprom notificou a Comissão Europeia de uma "possível interrupção no trânsito de gás" no caso de a Ucrânia decidir desviar o produto, disse a companhia.
O analista Tim Ash, do Standard Bank PLC, disse ser provável que a Rússia corte apenas o gás previsto para a Ucrânia, mas que Kiev poderia em teoria pegar o quiser já que o gás é entremeado. Isso resultaria em uma escassez nos gasodutos para a Europa que poderia prejudicar o armazenamento de gás antes do inverno, estação em que a deemanda é maior.
A Bulgária, a Eslováquia e a Hungria obtêm 80% ou mais de seu gás da Rússia, enquanto a Polônia, a Áustria e a Eslovênia recebem 60%.