Militante mascarado pró-Rússia organiza o trânsito em posto de controle após ataque das tropas ucranianas em Slovyansk
O ministro de Defesa da Rússia anunciou nesta quinta-feira novos exercícios militares ao longo da fronteira da Ucrânia poucas horas depois de soldados ucranianos terem matado ao menos cinco insurgentes pró-Rússia no leste do país. Imagem: Reprodução/APMilitante mascarado pró-Rússia organiza o trânsito em posto de controle após ataque das tropas ucranianas em Slovyansk Os confrontos foram os primeiros desde que o presidente em exercício Oleksandr Turchynov ordenou na terça-feira a retomada das operações militares no leste ucraniano, onde manifestantes pró-Rússia e homens armados mascarados tomaram o controle de prédios do governo em ao menos dez cidades e montaram bloqueios de rua. Em São Petersburgo, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, recriminou o que colassificou de "operação punitiva" da Ucrânia e ameaçou Kiev com consequências não especificadas. "Se o governo em Kiev está usando o Exército contra o seu próprio povo, isso claramente é um crime grave." Mais tarde, o ministro russo da Defesa, Sergei Shoigu, anunciou novos exercícios militares no sul e leste da Rússia em reação ao crescente tumulto no oriente da Ucrânia e a manobras da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) na Polônia. "Temos de reagir a esses acontecimentos de alguma forma", disse em comentários televisionados. A Rússia já tem dezenas de milhares de soldados posicionados em regiões ao longo de sua fronteira com a Ucrânia. Os mais recentes exercícios militares russos envolverão tropas terrestres no sul e ocidente e forças aéreas patrulhando a fronteira, disse Shoigu. Ele também citou fontes não especificadas dizendo que Kiev enviou mais de 11 mil soldados e 160 tanques contra os insurgentes pró-Rússia, que ele contabilizou como tendo menos de 2 mil integrantes. Não como verificar esses números de forma independente. O governo ucraniano e o Ocidente acusam a Rússia de dirigir e apoiar os insurgentes e se preocupam que Putin gostaria de um pretexto para uma intervenção militar no leste ucraniano. Putin nega que qualquer agente russo esteja operando na Ucrânia, mas insiste que tem o direito de intervir para proteger a população de etnia russa que compõe uma minoria considerável no leste da Ucrânia. Mais cedo em Tóquio, o presidente dos EUA, Barack Obama, acusou Moscou de fracassar em cumprir "o espírito das palavras" de um acordo alcançado na semana passada para amenizar as tensões no leste ucraniano. Se isso continuar, disse Obama, "haverá mais consequências e aumentaremos as sanções". Com nenhum apetite nos EUA para uma resposta militar, Obama aposta amplamente que Putin cederá sobre o peso de uma cascada de sanções econômicas que tenham como alvo seus colegas mais próximos. Mas o sucesso dessa estratégia também depende de as nações europeias com vínculos financeiros mais próximos com Moscou tomarem uma ação similar, apesar de sua preocupação de um efeito bumerangue sobre suas próprias economias. "Compreendo que sanções adicionais podem não mudar o cálculo de Putin", disse Obama durante sua visita a Tóquio. "O quanto elas mudarão seu cálculo depende em parte não apenas de nossas sanções, mas também da cooperação de outros países." A Ucrânia passa por sua maior crise política desde o colapso da União Soviética, desatada por meses de manifestações antigoverno que levaram o presidente Viktor Yanukovych a fugir para a Rússia em fevereiro. A queda de Yanukovych desencadeou uma ampla raiva em sua base de apoio no oriente da Ucrânia. Os insurgentes, que alega que o governo do país pós-Yanukovych consiste de nacionalistas que reprimirão o leste, reivindicam autonomia regional ou mesmo anexação pela Rússia. A Ucrânia e a Rússia alcançaram um acordo em Genebra na semana passada para atenuar a crise, mas insurgentes pró-Rússia no leste — e militantes de direita em Kiev — desafiaram os pedidos para se desarmar e deixar os prédios que estão ocupando.