O clima no Fluminense é de tristeza após a suspensão de Rodolfo, pego no doping por suspeita de uso de cocaína. Afastado voluntariamente após o flagra, o jogador nem sequer poderá treinar com o restante do elenco, e o grupo começa a sentir falta do companheiro, normalmente brincalhão no vestiário.
No futuro recente, a rotina para o camisa 39 estará concentrada longe dos gramados, nos encontros com advogados e nas idas ao tribunal quando confirmada a denúncia. Pelo abalo com a notícia, nem mesmo o staff do atleta conseguiu contato por boa parte do dia.
O Fluminense não confirma, mas a suspeita é de uso de cocaína, como revelou o GloboEsporte.com. Em nota oficial, o clube informou que o atleta, de 28 anos, abriu mão da contraprova, atestando que a substância estava em seu corpo. Seria a reincidência do goleiro, que se diz dependente químico e foi punido em 2012 pelo uso da droga.
No clube, sabia-se das dificuldades envolvendo um atleta com dependência química. O jogador tinha acompanhamento psicológico no CTPA e era tratado individualmente, assim como os outros jogadores. Mesmo com o contrato com o goleiro suspenso, o clube toma a frente no primeiro momento. Do elenco, Rodolfo recebeu até apoio público, via redes sociais.
Ainda não há denúncia com o goleiro, que nem sequer escolheu a defesa. A espera até o primeiro encontro com a corte pode demorar meses. O procedimento é o seguinte: a equipe de controle de dopagem da Conmebol leva a informação ao Tribunal Disciplinar, onde é protocolada a denúncia.
Após o primeiro julgamento, é possível recorrer ao Tribunal de Apelação, ainda da entidade sul-americana. A última tentativa é a Corte Arbitral do Esporte, na Suíça. Ou seja, o caso pode ir até a terceira instância.
Especialistas analisam
Rodolfo pode esperar uma pena que chegue a anos, mas o banimento do esporte, em primeira análise, é pouco provável. O artigo 10 do Código Mundial Antidopagem trata de reincidências, que é o caso do goleiro, e sanções duras como estas são aplicadas em caso de "múltiplas violações". O argumento da falta de doping por trapaça é a esperança de Rodolfo para amenizar a punição na Conmebol.
O uso de uma droga de cunho social e não para aumento de desempenho pesará na decisão do tribunal, mesmo que não salve o atleta da punição. Esta é a conclusão de alguns especialistas, entre eles o advogado João Chiminazzo, dedicado ao direito desportivo. Neste cenário, esperançoso para o atleta e o clube, a pena varia de seis meses a quatro anos.
- A pena dele inicial foi de dois anos e, como ele é reincidente, pode ser dobrada. Acontece que em 2012 a punição era de dois anos e desde 2015 ela passa a ser de quatro anos. Então vai ser questão de a defesa conseguir pedir o dobro da pena em relação à punição anterior ou se vai ser em relação a esse período de quatro anos - completou o advogado Thomaz Paiva.
Rodolfo foi flagrado no jogo do Fluminense contra o Atlético Nacional, no Maracanã, em 23 de maio, pela Sul-Americana. Na ocasião, o goleiro ficou no banco por ser reserva de Agenor.