RIO - Cerca de 1,2 mil pessoas protestaram na manhã de hoje em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro, contra a permanência do deputado federal e pastor evangélico Marco Feliciano (PSC-SP) na presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. A manifestação reuniu parlamentares, artistas e representantes de diferentes organizações religiosas e movimentos sociais.
“Tire sua fobia do caminho, que eu quero passar com o meu amor”, diziam alguns dos cartazes feitos pelos manifestantes. Gritando palavras de ordem pedindo pela saída de Feliciano, eles caminharam pela orla de Copacabana em um protesto que durou mais de duas horas.
Para o presidente da Anistia Internacional no Brasil, Átila Roque, a postura autoritária e intolerante de Feliciano à frente da CDH revela sua pretensão de capturar a comissão para uma agenda restrita e fundamentalista. “Isso só reforça a importância do Congresso e dos partidos políticos se darem conta do enorme erro que cometeram ao colocar a Comissão dos Direitos Humanos como moeda de troca numa barganha política pelas posições no Congresso”.
O deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) reconhece que a eleição de Feliciano não fere os regimentos internos da Câmara, mas afirmou que os parlamentares estão se mobilizando para tentar demovê-lo do cargo. “O PSC tem outros nomes para indicar. Nós sugerimos até o nome do Hugo Leal, que apesar de ser conservador é um cara do diálogo”, afirmou Wyllys, criticando a recente atitude de Feliciano em impedir o acesso do público às reuniões da comissão.
Para o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Assembleia Legislativa do Rio, posturas semelhantes à de Feliciano, que mistura o seu fundamentalismo com um projeto de Estado e de poder, já custaram muito caro a outras nações. “São muitos lugares no mundo que estão pagando um preço muito alto por não terem um estado laico. Estamos falando de bandeiras históricas que sempre tiveram, no estado laico, a garantia de sua existência, e hoje estão ameaçadas”.
Além da presença de artistas como a atriz Luana Piovani e o cineasta Sílvio Tendler, representantes de diferentes organizações religiosas também participaram da marcha. “Esse movimento não é de forma alguma contra uma igreja ou uma religião. A homofobia e o racismo negam os valores essenciais do cristianismo”, disse o padre Ricardo Resende, um dos fundadores do Movimento Humanos Direitos.