Dilma Rousseff e Xi Jinping, presidente da China.
Maior parceiro comercial do Brasil, a China é, economicamente, o país mais importante dos Brics. Seu Produto Interno Bruto (PIB), segundo maior do mundo, supera o dos demais países do agrupamento somados (Brasil, Rússia, Índia e África do Sul) em quase US$ 2 trilhões. Com mais de 1,3 bilhão de habitantes, o mercado consumidor da China foi o grande responsável pelo crescimento da economia brasileira, e de outros emergentes, na década de 2000.
Imagem: DivulgaçãoClique para ampliarDilma Rousseff e Xi Jinping, presidente da China. Com forte demanda por matérias primas, a China tornou-se em 2009 o maior parceiro comercial do Brasil, ultrapassando os Estados Unidos. Enquanto o Brasil exporta basicamente soja e minério de ferro, a China abastece o mercado brasileiro, sobretudo, com produtos industrializados, como eletrônicos. Além disso, a mão de obra abundante e os baixos custos de produção na China têm diminuído a competitividade da indústria brasileira.
“Temos tido muitos problemas com a China em relação a preços. Produtos chineses entram no Brasil com preços muito inferiores aos produtos concorrentes fabricados no País”, diz o professor da pós-graduação do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec-MG), Cláudio Silva de Aguiar, mestre em Comércio Internacional e Administração.
Maior importador de matérias primas do mundo, Aguiar vê a China como um mercado estratégico para as exportações das commodities brasileiras. “Mais de 80% do que exportamos para a China são produtos básicos”, ele diz, ao destacar que neste campo o Brasil apresenta uma vantagem, quanto à oferta, em relação a outros países.
“Mas em relação aos produtos industrializados o Brasil apresenta muita dificuldade para ingressar no mercado desse país asiático. Não creio que isso mude em curto prazo”. Aguiar vê ainda oportunidades para as empresas brasileiras nos setores de tecnologia e de construção, devido ao investimento chinês em infraestrutura.
Economia de mercado
Entretanto, o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, não vê os Brics como um grupo coeso capaz fomentar o comércio entre os dois países. “Não existe sequer acordo tarifário entre os países dos Brics, ao contrário do que se passa na União Europeia ou mesmo no Mercosul. Os Brics são apenas uma união de letras”, ele diz.
Para Castro, a China busca cuidar dos próprios interesses. “E em 2016, quando ela for reconhecida pela OMC (Organização Mundial do Comércio) como economia de mercado, ela vai se tornar ainda mais agressiva”.
Aguiar, no entanto, acredita que o reconhecimento da China como economia de mercado poderá, em tese, favorecer o Brasil no que se refere ao câmbio, à redução de subsídios aos produtos chineses exportados ao Brasil e à desregulamentação para o ingresso de produtos e empresas brasileiras em território chinês. “A OMC se baseia em alguns princípios básicos: transparência, não discriminação, comércio justo e livre, entre outros. Isso significa que esse país deverá se adaptar a algumas regras”.