A Receita Federal está cobrando do Itaú Unibanco (ITUB4) cerca de R$ 18,7 bilhões em impostos atrasados, multas e juros relacionados aos instrumentos contábeis usados para a unificação das operações. O anúncio de notificação acontece quase cinco anos após a fusão que criou o maior banco privado do país, no final de 2008.
Segundo comunicado do Itaú Unibanco divulgado nesta sexta-feira (16), a Receita Federal autuou a instituição financeira, cobrando R$ 11,845 bilhões em Imposto de Renda, além de R$ 6,867 bilhões em Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, acrescidos de multa e juros.
Procurado, o Itaú Unibanco disse que não faria comentários adicionais além dos divulgadas no documento de informação ao mercado, chamado no jargão da área de "fato relevante".
O Itaú Unibanco classificou como "remoto" o risco de perda no processo aberto pela Receita, mas não informou se provisionará a cobrança em seus balanços futuros.
A instituição afirmou que as operações de fusão do Itaú com o Unibanco foram legítimas e que foram aprovadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), pelo Banco Central e pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica.
Lucro do Itaú Unibanco sobe 76% após fusão
O Itaú Unibanco fechou o primeiro semestre de 2013 com o segundo maior lucro da história do setor bancário nacional (R$ 7,2 bilhões), superado apenas pelo Banco do Brasil (R$ 10,03 bilhões).
Nos cinco anos anteriores à fusão (2004 a 2008), o lucro somado dos dois bancos era bem mais baixo. Na média dos primeiros semestres, ficou em R$ 3,648 bilhões. De 2009 a 2013, a média de lucro do Itaú Unibanco foi de R$ 6,4 bilhões por semestre, um salto de 76%.
Em número de agências, o Itaú Unibanco avançou pouco depois da fusão. Hoje tem 3.871 unidades, apenas 8% mais do que antes da fusão. Seus concorrentes foram mais longe nesse aspecto.
Receita corre atrás de R$ 86 bi devidos
O anúncio ocorreu quase um ano depois que a Receita afirmou que estava iniciando a cobrança de R$ 86 bilhões em impostos atrasados, na maior ação de recuperação de débitos já realizada pelo órgão.
Em janeiro, a Receita cobrava mais de R$ 6 bilhões da mineradora MMX (MMXM3), da produtora de cosméticos Natura (NATU3), da produtora de celulose Fibria (FIBR3) e da empresa de logística Santos Brasil (STBP11), em processos que incluíam recolhimento de Imposto de Renda e de Contribuição Social.
(Com Reuters)