A quadrilha de estelionatários desbaratada ontem (3) pela Polícia Civil tem pelo menos 15 integrantes e somente na zona Leste de Teresina fez 10 vítimas, causando um prejuízo de no mínimo R$ 400 mil.
As informações foram repassadas na manhã desta quarta-feira (4), pelo delegado Ademar Canabrava, titular do 12° Distrito Policia. Segundo ele, o bando agia dando golpes de falsos serviços. Entre esses golpes haviam revisionais de carros, vendas de bens apreendidos pela Secretaria de Fazenda e Receita Federal, além da venda de mercadorias falsas.
"Eles apresentavam um serviço pela metade do preço e facilitações às vítimas. Por exemplo, ofereceram a uma empresária de Parnaíba uma carga que estava apreendida na Fazenda, de Red Bulls e Coca-cola Zero. O material equivaleria a R$ 80 mil, mas para ela passariam por R$ 40 mil. A transação era feita em locais de grande circulação de pessoas. Neste caso, a empresária foi levada até um hospital particular com a desculpa que o gerenciador seria médico e estaria no local", explicou o delegado.
Canabrava contou que ao entregar o dinheiro, a vítima receberia um recibo para retirar a carga em um caminhão de distribuição. "Disseram que quem faria o recibo era um médico de dentro do hospital. A vítima entregava o dinheiro e ficava esperando o recibo. Esperou por mais de duas horas. O recibo nunca chegou. Foi aí que ela percebeu que havia caído em um golpe", completou.
O delegado acrescenta que há pelo menos 10 vítimas em sua área e os golpes eram comandados por um baiano, que se apresentava como Major Fernando em algumas situações, como no Detran, onde se oferecia para retirar multas de clientes.
O delegado conta que uma das últimas vítimas da quadrilha, já nessa semana, teria dado R$ 4 mil para retirar R$ 12 mil em multas de seu veículo.
Tribunal de Justiça
A quadrilha também atuava no Tribunal de Justiça para negociar supostas revisionais de veículos. O "Major Fernando" aqui se apresentava como advogado, informando que faria o processo mais rápido para as vítimas. "A quadrilha falsificava crachás de órgãos públicos, como o da Receita Federal e até do próprio TJ. Andavam em carros de luxo e bem vestidos para se passarem por pessoas sérias e de credibilidade. O Major Fernando, que é um baiano que mora no Mocambinho, coordenava todos os golpes", afirmou o delegado.
Em relação ao único acusado que continua preso, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Fabrício Dourado Gonçalves, Canabrava afirma que ele seria o responsável por identificar as possíveis vítimas, fazendo o levantamento das necessidades como revisional e retirada de multas. "Por isso ele usava uma BMW para se apresentar", destacou Canabrava.
O delegado afirmou que pedirá a prisão preventiva dos 15 já identificados e que aguarda o depoimento de novas vítimas. Os acusados responderão, dentre outras coisas, por estelionato. A quadrilha já estava sendo investigado pela Greco e a maioria já tem passagens pela polícia.