Pouco tempo depois da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, integrantes da cúpula do PT já começaram a discutir o espólio das intenções de votos do principal líder do partido.
A avaliação é de que é preciso capitalizar politicamente o momento mais dramático do partido e evitar a pulverização dos votos de Lula para outras legendas da esquerda.
Já na noite deste domingo (8) integrantes do PT reconheciam que há um risco concreto de divisão de votos historicamente ligados à legenda.
Pelo menos três integrantes da cúpula do partido manifestaram preocupação com o fato de o ex-presidente Lula ter dado grande espaço, no discurso de sábado (7), aos pré-candidatos Guilherme Boulos (PSOL) e Manuela D'ávila (PC do B).
Um parlamentar petista chegou a demonstrar desconforto com o fato de o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, considerado o plano B do PT, ter ficado com espaço secundário durante o discurso.
Cresce um consenso no PT de que é preciso ter uma estratégia clara para evitar a dispersão do eleitorado de Lula que, historicamente, tem cerca de 30% dos votos do país.
"Se o PT não cuidar do espólio de Lula, haverá uma migração dos votos e o partido corre o risco de não ter um representante no segundo turno", alertou um parlamentar do PT.
Além de Boulos e Manuela D'ávila, que se aproximaram de Lula nesses últimos meses antes da prisão, o PT também teme uma dispersão de votos para outros candidatos do campo da centro-esquerda, como Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT).
Para o PT, o pior cenário é o de Marina Silva capitalizar votos petistas mais ligados à centro-esquerda.
O grande problema para o PT é conseguir superar o dilema de segurar o plano B até setembro já que, neste momento, fechou compromisso de manter solidariedade ao ex-presidente Lula e lançar sua candidatura em 15 de agosto, mesmo se ele continuar preso.
"Só estaremos liberados para trabalhar o nosso plano B se Lula fizer um gesto de liberar o partido. Enquanto isso não acontecer, vamos manter solidariedade a Lula", observou outro parlamentar petista.
Apesar de o partido manter um discurso público de que vai reverter a prisão de Lula e lançar a candidatura dele, há um reconhecimento de que é uma candidatura inviável e que, em última instância, seria impugnada pelo Tribunal Superior Eleitoral.