O 14º Encontro Nacional do PT formalizou na noite desta sexta-feira (2), em São Paulo, a indicação da presidente Dilma Rousseff como candidata à reeleição pelo partido. A oficialização da candidatura se dará somente em junho, na convenção nacional do PT.
No evento, petistas buscaram esvaziar o chamado movimento "Volta Lula", cujo objetivo era substituir a candidatura de Dilma pela do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. saiba mais Berzoini diz que o movimento Volta, Lula não terá efeito prático Manifesto da bancada do PR pede candidatura de Lula no lugar de Dilma Aécio Neves busca receita para controlar avanço de Eduardo Campos Pré-candidato do PSC critica gastos com Copa e prega privatização na TV Marina oficializa nesta segunda posto de vice Leia mais sobre Eleições 2014
Os dois entraram juntos no auditório do centro de convenções do Anhembi e foram recepcionados pela plateia de cerca de 800 delegados do PT sob aplausos e aos gritos de "Um, dois, três, Dilma outra vez".
A presidente Dilma Rousseff disse ao começar a discursar que o lançamento de sua pré-candidatura à eleição de outubro é uma “prova” da confiança mútua entre ela e o ex-presidente Lula.
“Hoje, para receber a missão honrosa, a missão desafiadora de ser pré-candidata do PT à Presidência da República, dirijo à nossa liderança, a você presidente Lula, as minhas palavras de respeito e carinho. Esta é uma prova contundente da nossa confiança mútua e dos laços que nos uniram e nos unem ao povo brasileiro. Foi o compromisso com o povo brasileiro que nos uniu”, afirmou.
Ela disse que assumiu a missão "desafiadora" de ser candidata à reeleição e fez uma retrospectiva de seu governo, dizendo que enfrenta o desafio de suceder uma "lenda", referindo-se a Lula. “Eu tive uma tarefa fantástica, uma tarefa que a gente pode chamar de avassaladoramente forte, hercúlea, de suceder [o ex-presidente Lula]”, afirmou.
A presidente disse que o momento é de avançar com reformas e defendeu, em especial, a reforma politica. "Essa nova campanha na qual me colocaram como candidata exige que coloquemos como estratégica a reforma politica." A presidente também fez referência à corrupção e disse que os governos do PT foram os que mais combateram o problema. "Antes, varria-se tudo para baixo do tapete", declarou.
Dilma também se referiu às críticas que recebeu dos adversários Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) pelo pronunciamento do Dia do Trabalho, no qual anunciou reajuste de 10% em benefícios do programa Bolsa Família.
"Eu quero informar uma coisa a vocês para que não fiquem dúvidas levantadas pela oposição a respeito do Bolsa Familia, já que só pensam no Bolsa Familia em momentos eleitorais. Fora dos momentos eleitorais, o Bolsa Família não existe. Vou lembrá-los que nos últimos três anos e quatro meses implantamos seis grandes melhorias no Bolsa Familia que elevaram o beneficio, descontada a inflação, em 44,3%", declarou.
Lula
Ao discursar, antes de Dilma, Lula afirmou que é preciso “parar de imaginar que existe outro candidato” do partido à eleição presidencial de outubro “que não a presidente Dilma Rousseff”. “Quando a gente brinca com isso os adversários aproveitam. Não podemos gastar energia com coisa secundária. Não teremos campanha fácil”, afirmou.
Ele disse que, a partir de julho, estará “por conta da campanha” eleitoral. “Temos um pequeno problema para resolver que é o seguinte: a Dilma, por conta dos acordos da aliança, ela não vai poder ir a vários lugares. Eu não sou presidente do PT. Então, não estou subordinado aos acordos que o Rui Falcão [presidente da sigla] fez. Aonde tiver candidato do PT, eu estarei lá”, disse.
Segundo o ex-presidente, há uma "perseguição" ao PT. Segundo ele, "parece que há uma coisa pessoal" contra o ex-ministro José Dirceu, os ex-deputados José Genoino e João Paulo Cunha e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, presos devido a condenações no julgamento do processo do mensalão. "Mas o dado concreto é que enquanto as pessoas se preocupam em todo dia tentar veicular notícia sobre nossos companheiros presos, o mensalão mineiro voltou para BH e ninguém comenta”, declarou.
Lula elogiou o pronunciamento de 1º de Maio de Dilma em cadeia nacional de rádio e TV em que ela anunciou de 10% do Bolsa Família e correção da tabela do imposto de renda. "Acho que os trabalhadores e o PT estavam precisando ouvir esse discurso. O discurso teve tanta repercussão que nossos adversários e parte da imprensa ficaram muito nervosos. Portanto, querida, faça mais”, disse.
Ele também criticou as tentativas de criação de uma CPI para investigar denúncias envolvendo a Petrobras. “Não é possível a gente aceitar gratuitamente a tentativa da elite brasileira de tentar destruir a imagem da empresa que durante tantos anos é motivo de orgulho do nosso povo, que é a Petrobras. Sempre em época de eleições chega alguém com bilhetinho querendo criar CPI. A impressão que eu tenho é que tem gente querendo fazer caixa em época de campanha ameaçando a Petrobras.”
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O ex-presidente também aproveitou o discurso para criticar a imprensa e defender a aprovação de um marco regulatório da mídia. “Temos que discutir marco regulatório para democratizar os meios de comunicação. O que causa preocupação é que o principal partido de oposição à vossa excelência [presidente Dilma] é a nossa gloriosa imprensa”, disse.
O ex-presidente encerrou o discurso dizendo: “Dilminha, se me permite chamar assim. É só você preparar a agenda que o Lulinha estará junto com você para ganhar as eleições!”, disse.
Ministros e aliados
A cerimônia de abertura oficial do encontro reuniu 11 dos 37 ministros, três governadores e representantes de partidos aliados (PMDB, PDT, PSD, PTB, PP e PC do B).
O senador Valdir Raupp (RO), presidente em exercício do PMDB, principal partido aliado, afirmou que existe “unidade” na legenda em apoio à continuidade governo de Dilma e defendeu a manutenção como vice na chapa de Dilma o atual vice-presidente da República Michel Temer (PMDB). “Destaco a unidade do PMDB em torno da aliança nacional, com a presidente Dilma Rousseff, e nos estados vamos, em sua grande maioria, compor alianças com o PT”, disse.
Dirigentes de PP, PTB, PSD e PC do B também discursaram brevemente para reafirmar apoio a Dilma na eleição presidencial. “É imprescindível uma unidade das forças aliadas em torno da presidente Dilma Rousseff a fim de alcançarmos sua reeleição”, disse o presidente do PCdoB, Renato Rabelo.
O governador da Bahia, Jaques Wagner, discursou em nome de governadores petistas e disse ter certeza de que as eleições de outubro serão difíceis, porque os adversários “destilam ódio”. “Tenho muita segurança que a eleição será uma eleição dura, porque o lado de lá destila ódio. Enquanto eles destilarem ódio, devemos destilar alegria, abraços, a felicidade daqueles que têm a consciência de que os brasileiros melhoraram de vida”, disse. “Assim como gritávamos, ‘Lula é meu amigo, mexeu com ele mexeu comigo’, agora temos que gritar: ‘A Dilma é minha amiga, mexeu com ela, mexeu comigo’”, defendeu.
Antes de discursar, o presidente do partido, Rui Falcão, pediu aos militantes da plateia que levantassem os crachás vermelhos de delegados para aprovar a indicação de Dilma como pré-candidata do PT. No discurso, cujo conteúdo havia sido distribuído anteriormente aos jornalistas pela assessoria, Falcão disse que a "tarefa mais importante" do partido é reeleger Dilma presidente.