Publicada em 11 de Fevereiro de 2016 �s 15h01
O professor Hermeson Cassiano, docente do Curso de Biologia no campus Heróis do Jenipapo, da Universidade Estadual do Piauí (Uespi), em Campo Maior, esteve em expedição científica na Antártida durante 35 dias. Ele participou do projeto “Evolução e dispersão de espécies antárticas bipolares de briófitas e liquens”. Essa é a segunda vez que o professor vai ao continente gelado para realizar a pesquisa científica, que tem duração de três anos.
Foram colhidas por Hermeson, amostras de briófitas nas penínsulas Antártica e Keller, e nas ilhas Livingston, Greenwich e Deception, sendo a última a cratera de um vulcão ativo.
Briófitas são plantas pequenas, geralmente com alguns poucos centímetros de altura, que vivem preferencialmente em locais úmidos e sombreados. Os liquens são associações simbióticas entre fungos e algas.
O estudo é financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), através do Programa Antártico Brasileiro (Proantar). A pesquisa é fruto de uma colaboração com a Universidade de Brasília (UnB), e tem a participação de instituições nacionais e internacionais. A Marinha do Brasil ofereceu suporte logístico, através do Navio Polar Almirante Maximiano, uma das duas embarcações brasileiras que apoiam as pesquisas na Antártida.
O professor explica que os pesquisadores buscam responder como algumas espécies de briófitas e liquens que ocorrem no Ártico também chegam na Antártida e se estas espécies são, de fato, as mesmas. “Se as espécies forem as mesmas, o próximo passo será tentar descobrir por que só existem essas espécies no Ártico e na Antártida, se esses continentes nunca estiveram unidos nas placas continentais”, esclarece Hermeson.
Ainda segundo ele, algumas hipóteses já foram levantadas para elucidar a questão: é possível que exista um complexo de ventos que leve estruturas de reprodução entre os polos; que existam elos de ligação por meio de cadeias montanhosas, como o Andes; ou ainda, que aves migratórias transportem o material reprodutivo. Há também a possibilidade de que as espécies não sejam as mesmas. O docente informa que neste caso, há o interesse de se entender processos evolutivos e de como o ambiente frio molda a forma destas plantas.
O professor retornou da segunda expedição no último dia 6. A primeira foi realizada em 2015, e já há uma próxima viagem planejada para o ano que vem, quando o estudo deve ser finalizado. A pesquisa fornecerá respostas a importantes questionamentos sobre a evolução do planeta, permitindo compreender a dinâmica das populações em tempos de aquecimento global.