O promotor de Justiça João Mendes Benigno Filho, primeiro indicado pelo Ministério Público do Piauí para acompanhar o Caso Fernanda Lages, foi afastado pela Procuradora Geral de Justiça, Zélia Saraiva, e proibido de se manifestar sobre as investigações da morte da estudante, que completou 47 dias nesta terça-feira (11).
Promotor Benigno Filho
A informação foi confirmada pelo promotor Eliardo Cabral, que ao lado de Ubiraci Rocha continua nas investigações. "Ele (Benigno) falou o que não devia. Pecou por falar demais. Ele está proibido de se manifestar sobre o caso. O que ele pode falar agora é só na cozinha da casa dele", disse ao Cidadeverde.com.
Na semana passada, Benigno Filho foi flagrado pela TV Cidade Verde com o dedo em riste para a câmera da emissora.
Fernanda Lages foi encontrada morta no dia 25 de agosto nas obras da futura sede do Ministério Público Federal. O caso continua um mistério.
Eliardo Cabral
Atrito com a polícia
Usando a palavra "insuportável", Eliardo Cabral admitiu claramente que está inviável trabalhar com a Polícia Civil. A principal alegação seria a suposta preferência pela tese de suicídio nas investigações. Segundo ele, o Ministério Público segue no caso, mas com suas diligências individuais.
"Ficou insuportável a relação. Estamos caminhando, seguindo, mas indo do lado. Eu até me surpreendi. Ele (delegado Paulo Nogueira, presidente do inquérito) não respeita o direito do Ministério Público de defender que é homicídio", declarou o promotor.
Eliardo Cabral informou ao Cidadeverde.com que encaminhou hoje (11) pedidos para que a Polícia Civil envie todas as cópias das peças que foram coletadas até hoje, desde relatos de testemunhas até resultados da perícia. No dia 18, um perito do Ministério Público do Distrito Federal chega a Teresina para ajudar os promotores nas investigações.
Paulo Nogueira, já recebeu manifestações de apoio de outros delegados e rebateu as queixas dos promotores com o argumento de que os promotores sequer teriam lido o inquérito, apesar de terem o mesmo a disposição. O Ministério Público pediu seu afastamento pelo presidente do inquérito ter se desfiliado do PMDB recentemente. Os promotores acrediram no envolvimento de pessoa ligada ao partido no caso.
Foi atribuída ao delegado uma declaração de que Eliardo Cabral seria "irresponsável". O promotor disse que não irá responder e crê que Nogueira teria se incomodado com um "provérbio" por ele reproduzido, no qual dizia: "O Mamede (Rodrigues, delegado do 5º DP, que entregou o caso na primeira semana alegando falta de estrutura) descobriu em um dia o assassino de Fernanda e o Paulo em 45 dias encobriu". De acordo com Cabral, a frase não é sua, mas "tá na boca do povo".