O Palácio do Planalto informou que o presidente eleito de Israel, Reuven Rivlin, telefonou nesta segunda-feira (11) para a presidente Dilma Rousseff para pedir "desculpas" pelas declarações do porta-voz do Ministério das Relações Exteriores israelense, Yigal Palmor, que classificou o Brasil como "anão diplomático".
"Na conversa dos dois mandatários, o chefe de Estado israelense apresentou desculpas pelas recentes declarações do porta-voz de sua Chancelaria em relação ao Brasil. Esclareceu que as expressões usadas por esse funcionário não correspondem aos sentimentos da população de seu país em relação ao Brasil. A presidenta fez referência aos laços históricos que unem os dois países há várias décadas", informou o Planalto em nota divulgada à imprensa (leia a íntegra abaixo). saiba mais Delegação israelense chega ao Egito para negociar sobre Gaza Israel retoma operações militares contra o Hamas em Gaza Ex-porta-voz do Hamas é morto em ofensiva israelense em Gaza Egito inicia mediação para trégua duradoura em Gaza Começa a trégua de 3 dias na Faixa de Gaza Leia mais sobre Israel e Palestina
A "crise diplomática" entre Brasil e Israel começou em 23 de julho, quando, em nota oficial, o governo brasileiro classificou de "inaceitável" a escalada da violência na Faixa de Gaza e informou que chamou o embaixador em Tel Aviv "para consulta".
A medida de convocar um embaixador é excepcional e tomada quando o governo quer demonstrar o descontentamento e avalia que a situação no outro país é de extrema gravidade.
Depois, o jornal "The Jerusalem Post" publicou reportagem na qual Yigal Palmor questionou a retirada do embaixador e chamou o Brasil de "anão diplomático". Em reação, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Luiz Alberto Figueiredo, afirmou que, se existe algum "anão diplomático", o Brasil não é um deles.
Em entrevista à TV Globo, Yigal Palmor rebateu as críticas feitas pelo governo brasileiro de uso "desproporcional" da força israelense na Faixa de Gaza.
"A resposta de Israel é perfeitamente proporcional de acordo com a lei internacional. Isso não é futebol. No futebol, quando um jogo termina em empate, você acha proporcional e quando é 7 a 1 é desproporcional. Lamento dizer, mas não é assim na vida real e sob a lei internacional", disse Palmor.
Na nota, o Palácio do Planalto informou ainda que Dilma e Rivlin conversaram durante o telefonema sobre a situação atual da Faixa de Gaza. Os conflitos entre israelenses e palestinos já resultaram na morte de milhares de pessoas nos últimos meses.
Segundo o governo brasileiro, o presidente de Israel se defendeu e disse a Dilma que o país respondeu a ataques da Palestina em razão de ataques com mísseis que havia sofrido.
"A presidenta Dilma afirmou que o governo brasileiro condenara e condena ataques a Israel, mas que condena, igualmente, o uso desproporcional da força em Gaza, que levou à morte centenas de civis, especialmente mulheres e crianças. [Dilma] reiterou a posição histórica do Brasil em todos os foros internacionais de defesa da coexistência entre Israel e Palestina, como dois Estados soberanos, viáveis economicamente e, sobretudo, seguros", informou o Planalto.
Ainda de acordo com a Presidência da República, Dilma manifestou a Reuven Rivlin esperança em que o cessar-fogo entre os países continue, assim como as negociações em busca da paz.
Leia abaixo a íntegra da nota divulgada pelo Palácio do Planalto:
Nota à imprensa
Presidente de Israel chama por telefone Presidenta Dilma Rousseff
A Presidenta Dilma Rousseff recebeu hoje chamada telefônica do recém-eleito Presidente de Israel, Reuven Rivlin.
Na conversa dos dois mandatários, o Chefe de Estado israelense apresentou desculpas pelas recentes declarações do porta-voz de sua Chancelaria em relação ao Brasil. Esclareceu que as expressões usadas por esse funcionário não correspondem aos sentimentos da população de seu país em relação ao Brasil. A Presidenta fez referência aos laços históricos que unem os dois países há várias décadas.
Na conversação dos dois dirigentes foi evocada a grave situação atual da Faixa de Gaza. O mandatário israelense afirmou que o país estava defendendo-se dos ataques com mísseis que seu território vinha sofrendo.
A presidenta Dilma afirmou que o governo brasileiro condenara e condena ataques a Israel, mas que condena, igualmente, o uso desproporcional da força em Gaza, que levou à morte centenas de civis, especialmente mulheres e crianças. Reiterou a posição histórica do Brasil em todos os foros internacionais de defesa da coexistência entre Israel e Palestina, como dois Estados soberanos, viáveis economicamente e, sobretudo, seguros.
Manifestando sua esperança de que a continuidade do cessar-fogo e as negociações atuais entre as partes possam contribuir para uma solução definitiva de paz na região, a Presidenta do Brasil enfatizou que a crise atual não poderá servir de pretexto para qualquer manifestação de caráter racista, seja em relação aos israelenses, seja em relação aos palestinos.