A prefeitura de José de Freitas solicitou há um ano reforço para as paredes da barragem do Bezerro, afirmando haver risco de rompimento do reservatório. Nesse domingo, três pontos de vazamento foram detectados nas paredes do reservatório. Um ofício enviado direto ao governador Wellington Dias (PT) alertou para o problema em 2017. O Ministério Público do Estado, na época, ingressou com ação civil pública contra o estado. O Instituto de Desenvolvimento do Piauí (Idepi) informou que o problema de agora não tem relação direta com os pedidos.
Um ofício enviado diretamente pelo prefeito Róger Linhares (PP) ao governador pede “o enrocamento [reforço com pedras] do paredão do referido açude, com o objetivo de evitar o rompimento com o aumento da represa, haja visto que o período chuvoso se inicia”, diz o documento enviado em 15 de março de 2017.
No mesmo ano, o Ministério Público entrou com uma ação civil pública alertando ao governo do estado sobre os riscos na estrutura da barragem. Para o promotor Flávio Teixeira, se as condições estivessem sido monitoradas na época, provavelmente, a barragem não estaria sob risco de rompimento.
Obras emergenciais são realizadas na barragem do Bezerro para evitar rompimento (Foto: Reprodução/TV Clube)
"Essa situação poderia ter sido evitada, se a manutenção e conservação da barragem tivesse sido feita, como normalmente deve acontecer. Porque já havia laudos indicando isso, inclusive eles subsidiaram a ação civil pública que afloramos. Mas às vezes o estado só se mexe em ação de emergência", declarou o promotor.
Segundo o diretor do Idepi, Geraldo Margela, o pedido do ano passado não chegou ao Instituto e a infiltração aconteceu internamente. Ele disse que a fragilidade externa das paredes da barragem não contribuiu diretamente para o problema percebido nesse domingo (8). Segundo ele, as fortes chuvas foram a causa da abertura na parede do reservatório.
Volume da Barragem do Bezerro (Foto: Reprodução/TV Clube)
“O que tem que ficar claro é que tecnicamente foi algo novo que nunca foi aventado nem pela população ou pela prefeitura. Infelizmente não tínhamos como prever. Apenas em um dia tivemos uma chuva de 60mm e isso contribuiu para o aumento do volume de água na barragem em um curto período, causando um aumento da pressão e com o grande volume houve um ponto de fuga”, explicou.
Ele declarou que, agora, a solução é corrigir o problema. "Não temos como estabelecer um prazo para resolver isso, porque dependemos das chuvas. Mas a barragem está sangrando e estamos tentando diminuir o volume da água, para reduzir a pressão interna", explicou.
Para isso, foi aberto um canal com 4m de largura e 2m de profundidade para a vazão da água da barragem. Contudo, a quantidade retirada ainda é menor do que a que entra, já que o reservatório é abastecido por dois açudes e um riacho. Cerca de 130 pessoas da Defesa Civil municipal e estadual, Bombeiros e Exército trabalham no local.