Trabalhadores do transporte coletivo de Teresina paralisaram os serviços na manhã desta segunda-feira (25) e se reuniram para protestar contra atrasos no pagamento dos salários. Esta já é a segunda vez que a categoria paralisa serviços este ano. A estimativa é de que apenas 30 ônibus estão circulando em Teresina, de um total de 400 da frota.
Sobre o problema, o Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina (Setut) informou que o pagamento não foi feito porque a prefeitura não fez o repasse do valor acordado (veja nota abaixo).
Por volta do meio-dia a Prefeitura de Teresina informou que faria, ainda nesta segunda-feira (25), o valor de R$ 600 mil para que as empresas fizessem o pagamento dos vale alimentação (leia a nota no fim desta reportagem).
Em entrevista ao G1, representantes dos grevistas informaram que só irão negociar o retorno depois que o benefício for depositado nas contas dos trabalhadores
POSICIONAMENTO
O Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina (SETUT) constatou que o Sintetro paralisou as atividades tendo em vista que a Prefeitura Municipal de Teresina não fez o repasse no dia 20/01, do valor que foi acordado com o Sindicato dos trabalhadores. O repasse seria feito através das empresas juntamente com a parcela devida às concessionárias para que essas disponibilizassem os recursos aos trabalhadores.
Categoria pede pagamento
De acordo com o motorista Antônio Cardoso, da organização da paralisação, os trabalhadores receberam apenas uma parte do salário no inicio de janeiro. Eles teriam tentado uma negociação com a prefeitura para receber 40% do salário, que estaria atrasado, mas não houve acordo.
“A gente resolveu de vez, com essa manifestação, parar por tempo indeterminado enquanto não se resolva essa questão. O prefeito nos recebeu, chegou a falar que teve um encontro com os empresários, mas não vimos efeito”, disse.
Segundo a organização, a manifestação não é feita através do sindicato da categoria, mas pelos próprios trabalhadores.
“A pessoa para se deslocar aqui para a empresa precisa de combustível, se vier de bicicleta precisa se alimentar. A gente está praticamente sem receber dinheiro. Recebemos de forma fracionada no dia 5. Os empresários não falam com a gente, não nos recebem. Tem pessoa aqui que está comendo apenas massa de milho, que praticamente só precisa de água”, disse.
Ainda conforme a organização da paralisação, a maioria dos trabalhadores de todos os consórcios de ônibus de Teresina aderiram à paralisação. Apenas uma empresa estaria circulando na Zona Leste de Teresina.
A Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito informou que está cadastrando veículos alternativos para atender à população. Os condutores podem procurar a sede da Strans, na Av. Pedro Freitas, 1252 - Bairro Vermelha. Esse cadastramento pode ser realizado fora do expediente, até as 18h.
Leia abaixo a nota da prefeitura na íntegra:
Prefeitura de Teresina garante pagamento de tíquetes e plano de saúde dos trabalhadores do transporte público da capital
A Prefeitura de Teresina deve repassar, ainda nesta segunda-feira (25), o valor de R$ 600 mil ao Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina (SETUT) para subsidiar o pagamento de tíquetes-alimentação e do plano de saúde de motoristas e cobradores do sistema público da capital
O acordo foi firmado nesta manhã, durante reunião entre empresários, representantes dos trabalhadores e a gestão municipal. “Somos uma nova administração e temos que fluir olhando para todos, mas, principalmente para os trabalhadores do transporte e de outros setores”, afirma o prefeito Doutor Pessoa.
Com a deliberação, a expectativa é que motoristas e cobradores suspendam a paralisação das suas atividades e os ônibus voltem a circular na cidade. Além disso, Doutor Pessoa reforçou ao SETUT a necessidade de mudanças e melhorias no serviço de transporte público oferecido atualmente aos teresinenses.
O prefeito apontou para os empresários algumas das principais demandas da população, como o atraso das linhas, longo tempo de espera nos pontos de ônibus, extinção de linhas e circulação dos chamados “corujões”, que circulam em horários alternativos no período noturno.
“Se isso não evoluir, no prazo de 30 dias, começaremos a montar o sistema de transporte coletivo. Não será de forma açodada. Veremos a parte jurídica para caminhar dentro da legalidade. Tomarei uma decisão, não vou deixar a sociedade de Teresina clamada e abandonada”, enfatiza Doutor Pessoa.