Poupan�a perde R$ 3,2 bi em 6 dias

Publicada em 23 de Abril de 2014 �s 18h06

�Depois de 25 meses consecutivos registrando mais dep�sitos do que saques, a caderneta de poupan�a est� perdendo o f�lego. Segundo dados mais recentes do Banco Central (BC), em abril, at� o dia 14, dep�sitos e resgates estavam praticamente empatados: houve uma capta��o ligeiramente positiva em R$ 33 milh�es no m�s, acumulando saldo de R$ 614,9 bilh�es. Mas observando apenas os �ltimos seis dias �teis da s�rie, houve saque de R$ 3,2 bilh�es. Com juros na casa dos dois d�gitos e infla��o amea�ando ultrapassar o teto da meta de 6,5% ao ano, investidores podem estar partindo para alternativas de aplica��o mais rent�veis, como fundos de investimento - que captaram em sete dias terminados em 14/4 R$ 9,8 bilh�es, segundo a Associa��o Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). "Mas nada garante que esteja havendo essa migra��o, nem que a sa�da da poupan�a est� se dando pela alta dos juros. Acho que o brasileiro est� precisando do dinheiro”, diz Samy Dana, professor da Funda��o Get�lio Vargas (FGV) de S�o Paulo. Andr� Massaro, consultor e educador financeiro, tem a mesma opini�o. “Analisando pesquisas recentes sobre o cr�dito � pessoa f�sica, conclu� que o endividamento das fam�lias vem mostrando sinais de recuo, indicativo de que parte do dinheiro que vinha sendo empregado em poupan�a, por exemplo, pode estar tendo como destino o pagamento de d�vidas”, diz. “A deteriora��o dos indicadores econ�micos est� chegando ao entendimento do consumidor, que est� preferindo pagar d�vidas”. Em mar�o, a capta��o l�quida da poupan�a havia sido de R$ 1,790 bilh�o, 3,8% abaixo do que em fevereiro. Em rela��o a mar�o de 2013, a queda foi de nada menos do que 70%. A tend�ncia de queda na capta��o l�quida vem se desenhando desde o come�o deste ano. Em 2013, a m�dia mensal foi de R$ 5,9 bilh�es, acumulando capta��o recorde de R$ 71,05 bilh�es. No primeiro trimestre deste ano, a m�dia caiu para R$ 1,8 bilh�o. E pelo resultado de abril at� agora, amea�a cair mais. Massaro v� a invers�o no resultado da poupan�a como natural. “Inexplic�vel era a capta��o recorde nos �ltimos meses de 2013 quando a Selic j� havia passado de 8,5%”. Embora haja uma rela��o inversa entre capta��o de poupan�a e dos fundos, Dana acredita que pode ser coincid�ncia. E, apesar da alta recente da capta��o l�quida, o acumulado no ano � de apenas R$ 8,204 bilh�es. “O problema dos fundos no ano passado n�o foi a concorr�ncia da poupan�a, foi a marca��o a mercado dos t�tulos em carteira, porque as taxas de juros subiram repentinamente. E al�m disso, as taxas de administra��o s�o muito elevadas”, diz. “A m�dia � 1,5%, mas tem fundo que cobra 3%. Isso, sobre um rendimento de 11%, resulta em 8% ao ano - tirando o Imposto de Renda, acaba resultando no mesmo que a poupan�a”, diz. No entanto, diretores da Anbima est�o na torcida para recuperar o terreno perdido, agora que os juros pularam para a casa dos dois d�gitos. Marcos Dar�, presidente do comit� de varejo da entidade, acredita em revers�o da tend�ncia neste ano. Mas n�o v� grandes mudan�as de perfil dos investimentos em 2014, ano que ele acredita que ser� de mais expectativa e cautela. “O que pode ocorrer � migra��o entre investimentos conservadores, da poupan�a para fundos DI, por exemplo”. Esses fundos ganharam novos investidores em 2013: a sua participa��o passou de 30,5% em 2012 para 38,4% em 2013. Os fundos que mais captaram na semana passada, de acordo com a Anbima, foram os de curto prazo, DI e renda fixa - respectivamente R$ 7,056 bilh�es, R$ 2,405 bilh�es e R$ 3,358 bilh�es. Isso revela que os investidores n�o est�o olhando apenas para o aspecto rentabilidade, mas tamb�m para a liquidez - os dep�sitos nos fundos n�o fazem “anivers�rio” mensal, como na poupan�a. Mas segundo levantamento da Associa��o Nacional dos Executivos de Finan�as, Administra��o e Contabilidade (Anefac), somente nos casos em que os fundos de investimento cobram altas taxas de administra��o, a partir de 3% ao ano, a poupan�a � mais vantajosa. Para taxas de 2,5% ao ano, a caderneta s� rende mais que os fundos em aplica��es de at� um ano. Para taxas inferiores a 2,5%, os fundos s�o mais rent�veis em todas as situa��es. Pelas simula��es da Anefac, com o atual n�vel da taxa Selic, uma aplica��o de R$ 10 mil na poupan�a rende 6,55% ao ano, o que representa rendimento de R$ 655 ao fim de 12 meses. A mesma quantia, aplicada em fundos de investimentos, rende de R$ 693 (com taxa de administra��o de 2% ao ano) a R$ 834 (com taxa de administra��o de 0,5% ao ano). Segundo Miguel Jos� Ribeiro de Oliveira, diretor executivo de estudos e pesquisas econ�micas da Anefac, as cadernetas de poupan�a v�o continuar se destacando frente aos fundos de renda fixa cujas taxas de administra��o forem superiores a 2,50% ao ano mesmo com a eleva��o da Selic, principalmente no caso de aplica��es de valores menores. Afinal, diz, n�o pagam imposto de renda nem taxas de administra��o. “Este fato dever� provocar em redu��es nas taxas de administra��o dos bancos para n�o perderem clientes”, disse em nota o executivo da Anefac. Levantamento da Anbima mostra que taxas de administra��o cobradas no varejo, em fundos DI e renda fixa, j� vem caindo desde 2009. Em fevereiro, �ltimo dado dispon�vel, os investidores de varejo pagavam em m�dia 1,16% nos fundos DI (de 0,88% a 3,29%, dependendo do montante aplicado e do relacionamento com o banco) e 1,06% nos renda fixa (de 0,41% a 2,50%). Tesouro direto, op��o sem intermedi�rios Pode ser que n�o esteja havendo uma migra��o. Mas com juros a 11% h� outras aplica��es de renda fixa, como Letras de Cr�dito Imobili�rio (LCI) e Agr�cola (LCA), que batem a poupan�a - al�m de isentas de IR, n�o cobram taxas de administra��o. O estoque vem crescendo e ganhando a aten��o de mais investidores. Outra modalidade que vem conquistando investidores � o Tesouro Direto. “Dispensa intermedi�rios e d� retorno de at� 12,5% - sobre o qual � preciso deduzir o IR. Mas ainda rende mais do que a maioria dos fundos”, diz Dana. No entanto, lembra, o volume ainda � baixo. Massaro tamb�m aponta a Letra Financeira do Tesouro (LFT) Nacional como op��o. “S�o t�tulos que praticamente n�o apresentam oscila��o at� o vencimento pois replicam a Selic”. Outra qualidade da LFT � o vencimento mais curto em rela��o a outros t�tulos negociados pelo Tesouro Direto - a Letra vence ainda nessa d�cada.

� Siga-nos no Twitter

Tags:

Fonte: Vooz �|� Publicado por:

Comente atrav�s do Facebook

Mat�rias Relacionadas