Piaui em Pauta

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Ponto eletrônico volta aos palcos para ajudar atores a lembrar as falas

Publicada em 11 de Junho de 2014 �s 11h20


Ator Pedro Paulo Rangel usa o ponto eletrônico na peça Azul Resplendor. Ator Pedro Paulo Rangel usa o ponto eletrônico na peça Azul Resplendor. Imagem: Lenise Pinheiro - 16.jun.2013/FolhapressAtor Pedro Paulo Rangel usa o ponto eletrônico na peça Azul Resplendor. Pedro Paulo Rangel, 65, diz que se adaptou "espetacularmente" ao ponto eletrônico. Para Regina Duarte, 67, "é um recurso excelente para situações emergenciais". Para Vera Barreto Leite, 78, "uma experiência maravilhosa". Mais de 50 anos atrás, o ponto —pessoa que sopra o texto para os atores quando eles esquecem o que falar— foi escorraçado do palco. Agora ressurge, aqui e ali. Até meados do século 20, as grandes estrelas dominavam o teatro, e suas personalidades se sobrepunham aos textos, abusando das improvisações. A modernização exigiu maior conhecimento das peças e o aprofundamento dos personagens. "Nós aposentamos o ponto, completamente, completamente", conta Fernanda Montenegro, 84, com orgulho. Ela estreou no palco em 1952, e a primeira instrução que recebeu do ensaiador, como eram chamados os diretores, foi "aprender a ouvir o ponto". Ela não quis e nunca o usou, porém: "Eu não tenho nada contra. Vi o ponto naquela tendinha, na boca de cena, e estou vendo o ponto já eletrônico. Depende da capacidade de adaptação". Fernanda sublinha que, "de qualquer maneira, o ator tem que saber o que vai falar". De preferência, deve ter "na cabeça toda a estrutura da fala, os tempos". Com uma ponta de desânimo, ela observa que, "como isso começa a ser usado novamente, eu volto a... quantos anos, meu Deus? Quando todo mundo tinha ponto, aparente, visível". ZUMBIDO Filha e sobrinha de duas atrizes que modernizaram o teatro brasileiro com Nelson Rodrigues, "as Barreto Leite", Vera acompanhou das coxias, ainda criança, a aposentadoria do ponto. E ela resistiu, no começo. "Mas aí me falaram: Você não vai pôr ponto para saber o que dizer, mas para ouvir as deixas", as falas que antecedem as suas. Vera, que vem perdendo a audição, passou a ouvir o texto pela voz da atriz Camila Mota, no ponto. "E tem jogo. A Camila é muito ligada. A gente brinca em cima." Agora Vera quer convencer seu próprio diretor a usar. "Para mim, foi uma coisa fantástica, tanto que eu disse: Zé [Celso], pelo amor de Deus, sem probleminha, é muito bom. Mas ele ainda não teve coragem." Regina Duarte alerta, porém, que "é um instrumento de difícil utilização", e o ator precisa conhecer bem o texto. "É uma arte. Tem que saber ouvir e falar ao mesmo tempo de forma natural, no ritmo adequado às intenções da cena, com desenvoltura." Sem "esquecer que tem sempre um zumbido incômodo no ouvido", além do "risco de interferências, rádio etc.". Outros atores procurados para falar sobre o ponto, que se tornou corriqueiro no teatro, preferiram não comentar suas experiências. "Eu uso direto, há uns cinco anos", conta Pedro Paulo Rangel. Por causa de uma doença pulmonar, ele toma um remédio "que afeta a memória", dificultando decorar. Não usa para televisão, com menos texto e "perecível", só para o teatro. "Numa peça, é no mínimo uma hora e meia de texto e não dá para vacilar", comenta ele, observando que já ensaia com ponto. "A partir do primeiro ensaio, se eu quiser, já largo o texto. Mas aí vou ensaiando, porque tem uma série de sutilezas, aqui mais rápido, ali mais devagar." No palco, não percebeu diferença. "Para mim, não mudou nada. E ninguém nota. Só fiquei com raiva de não ter descoberto antes [risos]".

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Fonte: Vooz �|� Publicado por:
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