Representantes de sete categorias de trabalhadores da Segurança Pública se uniram em protesto na manhã de terça-feira (3) diante do Palácio do Karnak, sede do governo do Estado, no centro de Teresina. Cerca de 80 Policiais civis e militares, delegados e bombeiros protestaram por investimentos na área de segurança e reajuste de salários.
Os agentes de Polícia Civil aproveitaram a data e iniciaram uma greve a partir das 00h desta terça-feira, sem prazo para terminar. De acordo com Constantino Júnior, o presidente do Sinpolpi (Sindicato dos Policiais Civis do Piauí), com a paralisação estão suspensas as investigações criminais e serviços de registros de ocorrências, com exceção de casos de homicídio, latrocínio, estupros e crimes violentos contra crianças e idosos.
O movimento unificado encampado na calçada do Palácio do Karnak reuniu representantes dos delegados, policiais civis, escrivães e trabalhadores de apoio da Polícia Civil, bombeiros militares, oficiais da Polícia Militar e agentes penitenciários. Os representantes tiveram a entrada retida no Palácio, que manteve seus portões fechados.
Presidente do Sindepol, delegada Andreia Magalhães, delegados irão fazer paralisações pontuais de duas horas de duração nas delegacias do Piauí. (Foto: Andrê Nascimento/ G1 PI)
Presidente do Sindepol, delegada Andreia Magalhães, delegados irão fazer paralisações pontuais de duas horas de duração nas delegacias do Piauí. (Foto: Andrê Nascimento/ G1 PI)
A delegada Andreia Magalhães, presidente do Sindepol (Sindicato dos Delegados de Polícia Civil) negou a possibilidade de os delegados deflagrarem greve. “Uma greve só iria colocar a população contra a Polícia!”, a delegada explicou. Segundo ela, os delegados continuarão fazendo paralisações de duas horas, convidando a população para conhecer as condições das delegacias.
Categorias denunciam sucateamento
Os sindicalistas denunciaram que a falta de investimentos impede que os trabalhos sejam executados por completo. O presidente da Associação dos Bombeiros Militares do Piauí (Abmepi), capitão Anderson Pereira, disse que os bombeiros não têm condições de atender à ocorrências de média gravidade por falta de pessoal e de viaturas. “Temos que pedir apoio de guarnições dos bombeiros militares de Timon ou do efetivo do efetivo da Infraero. Nos últimos anos temos sido auxiliados pelo Exército Brasileiro”, disse.
De acordo com o capitão Anderson, o estado do Piauí possui o menor efetivo de todas as corporações do país, com 287 bombeiros militares. “Há ainda a possibilidade de esse número cair em quase 30% se eles saírem para se aposentar”, explicou.
No campo da Polícia Militar, o coronel Carlos Pinho, presidente da Associação de Oficiais Militares do Piauí, denunciou que há décadas o estado mantém a mesma estrutura de distribuição nas cidades do interior, o que deixa esses locais vulneráveis à ação de facções criminosas.
“Denunciamos isso ainda em 2015, e assistimos a estados vizinhos mergulhados em uma guerra civil patrocinada por facções criminosas presentes no Piauí, e o Piauí será o próximo palco dessa guerra”, afirmou o coronel.
A situação de sobrecarga dos trabalhadores da Segurança Pública foi denunciada também pelo delegado Thiago Damasceno, responsável pela delegacia de Água Branca e mais sete cidades. “Um estudo feito pela Gerência de Policiamento do Interior apontou que a minha regional deveria ter três delegados para dividir esse trabalho comigo”, disse o delegado Thiago.
Segundo o delegado, situações de falta de combustível ou de pessoal suficiente para atender a todos os casos são recorrentes. “Nós temos muitas vezes que escolher que crimes vamos investigar, priorizá-los de acordo com a gravidade, por que é impossível atender a tudo”, disse.
O Governo do Estado do Piauí afirmou já ter uma proposta a ser apresentada para as diversas categorias que participaram do protesto, mas informou que nenhuma nova reunião com os representantes foi marcada até o momento.