Delegada Nathalia Figueiredo, do Núcleo de Feminic
O prazo para a conclusão do inquérito sobre a morte da estudante de jornalismo, Janaína Bezerra, encerra nesta segunda-feira (6). O coordenador do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), delegado Francisco Baretta, informou que a delegada do caso Natália Figueiredo deve entregar o inquérito hoje.
"O prazo não pode ser prorrogado porque o suspeito está preso preventivamente. Se prorrogar, ele pode ser solto. A delegada passou o fim de semana trabalhando, acredito que recebendo os laudos de local de crime e cadavérico, ela entrega hoje", afirmou o delegado.
Janaína Bezerra foi assassinada em uma sala da universidade, durante uma calourada ocorrida entre a noite de sexta-feira, 27 de janeiro, e madrugada de sábado, 28. Investigação policial e laudo cadavérico apontaram que a jovem foi estuprada e teve o pescoço quebrado. Thiago Mayson da Silva Barbosa, de 28 anos, foi preso suspeito do crime.
Segundo o delegado Baretta, outros laudos complementares podem ser anexados posteriormente ao inquérito.
"Laudos como o toxicológico são complementares e podem ser enviados depois. O importante é não perder o prazo", destacou o coordenador do DHPP.
Ele não revelou o teor do inquérito ou se mais alguém será indiciado, além do suspeito Thiago Mayson da Silva Barbosa, de 28 anos. "Está tudo com a delegada, acompanhei o início de tudo e passei para ela", argumentou o delegado.
'Só temos a lamentar'
A missa de sétimo dia pela morte da estudante de jornalismo Janaína da Silva Bezerra, de 22 anos, foi marcada por muita emoção na manhã de sexta-feira, 3 de fevereiro. Familiares, amigos e representantes da Universidade Federal do Piauí (UFPI) estiveram presentes e prestaram homenagens. A celebração aconteceu na Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, bairro Fátima, Zona Leste de Teresina.
"Lamentamos a interrupção abrupta da vida da Janaína. E também do rapaz que, embora vivo, experimenta aquilo que a legislação prevê. Somos famílias feridas. Colegas, professores, funcionários, administração superior. Que o Senhor Jesus Cristo nos ajude a recomeçar, nos ajude a compreender. E que essa celebração seja um momento de gratidão a Deus da parte de todos que a conheciam, um momento de intercessão por todos nós, para que retomemos nossas vidas, enfrentando os males que nos alcançam", disse durante a celebração o padre Amadeu Matias.
O reitor da UFPI, Gildásio Guedes, participou da missa e fez um discurso sobre o caso pela primeira vez. Ele se sentou ao lado do pai de Janaína, o mecânico Adão Bezerra Nascimento, das irmãs e de uma tia da jovem.
"Toda a instituição, aqui representada por alunos, professores, gestores e prestadores de serviços, está consternada. Estamos todos consternados. Somos solidários aos familiares e amigos nesse momento de dor. Que Deus, em sua infinita bondade, esteja, nesse momento, conosco e esteja com Janaína onde ela estiver. Nós lamentamos qualquer tipo de violência, em qualquer circunstância. É uma dor muito forte, grande, a universidade está chorando pela vida da Janaína", disse.
Na última terça-feira (31), estudantes da instituição chegaram a ocupar a reitoria em busca de um posicionamento do reitor.
Na ocasião, a administração superior da UFPI se comprometeu a analisar reivindicações dos estudantes relacionadas à segurança, como: reforço de vigilância, monitoramento por câmeras, poda de matos e árvores do campus Petrônio Portela, reparo da iluminação e criação de uma ouvidoria exclusiva para denúncias de assédio.
"Eu sempre cuidava dela. Toda vez que ela ia sair pra universidade, eu dizia 'tome cuidado, tome cuidado, quando você tiver chegando em casa, me ligue que vou lhe pegar na parada de ônibus e se não der pra você vir ônibus, pegue um uber e venha embora. Chegar aqui, se você não tiver o dinheiro, eu tenho, eu pago. Tudo pra não acontecer isso, mas não teve jeito", declarou o pai de Janaína.
"A mãe tá arrasada, passa a noite todinha chorando e eu acalmando ela. [Digo] 'Vamos tentar ter calma, vai ser resolvido, não vamos cair em depressão não, pelo amor de Deus. Se cair em depressão, piora a situação. Agora é lutar por justiça", declarou o pai.
O processo que apura a morte da estudante universitária Janaína Bezerra, assassinada dentro da Universidade Federal do Piauí (UFPI) no último sábado (28), foi posto em segredo de justiça. Assim, não é mais possível acessar as informações pelos sistemas on-line do Tribunal de Justiça. O inquérito da Polícia Civil deve ser entregue ao Ministério Público na próxima semana.
Segundo o advogado Francisco Filho, que representa a família de Janaína, o que esteve exposto no sistema do tribunal foi o Auto de Prisão em Flagrante, feito na Central de Flagrantes de Teresina logo após o crime e a prisão do suspeito, Thiago Mayson da Silva Barbosa, de 28 anos.
Ele disse ainda que o inquérito policial, esse realizado pela delegada Nathália Figueiredo, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), está sob sigilo desde o início.
Estupro e morte de Janaína Bezerra
Janaína da Silva Bezerra, 22 anos, foi estuprada e assassinada na madrugada do dia 28 de janeiro, sábado, durante uma festa de calourada ocorrida no espaço do Diretório Central dos Estudantes (DCE), no campus de Teresina, na Universidade Federal do Piauí (UFPI).
O suspeito, Thiago Mayson da Silva Barbosa, 28 anos, está preso. Ele é estudante do mestrado em matemática da instituição e foi encontrado com a jovem desacordada nos braços por seguranças da instituição, que conduziram a vítima e o suspeito ao Hospital da Primavera.
Conforme investigação da polícia, com base em colheita de provas e depoimentos, os dois já se conheciam e se encontraram na festa. O jovem, por usar uma das salas do mestrado para estudos, tinha a chave do local, onde levou a vítima.
Ele chegou a relatar à polícia que os dois tiveram sexo consensual, até que a jovem desmaiou em dois momentos. Na segunda vez, ele saiu da sala com a jovem nos braços, segundo ele, para buscar ajuda. Os seguranças informaram, segundo a polícia, que a jovem tinha manchas de sangue nas partes íntimas e já estava sem pulsação.
No hospital, a equipe médica relatou que ela já chegou sem vida. O laudo do IML constatou que ela sofreu estupro e morreu em decorrência de ter tido o pescoço quebrado, o que pode ter acontecido por torção ou tentativa de asfixia.
Universitários pedem segurança e justiça
Diversos movimentos estudantis de vários estados do Brasil anunciaram apoio às manifestações dos estudantes da Universidade Federal do Piauí (UFPI) após a morte da aluna Janaína da Silva Bezerra, de 22 anos. A jovem foi estuprada e morta em uma sala dentro do campus da UFPI em Teresina.
Estudantes da Universidade federal do Rio de Janeiro(UFRJ), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Universidade Federal do Pará (UEPA) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) publicaram em suas redes sociais data e horários das manifestações.
As manifestações reivindicam combate ao feminicídio, contra o machismo e em defesa a vida de todas as mulheres. Pedem também mais segurança nas universidades públicas e justiça por Janaína.