Publicada em 15 de Agosto de 2015 �s 10h45
O Piauí pode ser o berço da primeira Orquestra de Rabecas do Brasil. No Sul do Estado, mais precisamente no município de Bom Jesus, a pouco mais de 600 quilômetros de Teresina, alunos de escolas públicas estão aprendendo a fazer música a partir desse instrumento.
“As aulas acontecem aos fins de semana. Começamos em maio com 20 alunos e hoje temos uma turma de 15, que já toca clássicos como Asa Branca, de Luiz Gonzaga”, diz, com orgulho, o professor Stayllon Rodrigues, músico da Orquestra Sinfônica de Teresina.
Todos os fins de semana, Bom Jesus é o destino de Stayllon. Ele conta que, a partir do convite para lecionar na Escola de Rabecas do município, ele teve que estudar o instrumento. “Meu contato era com o violino, que é uma versão mais refinada da rabeca. O instrumento tem uma pegada diferente, mas possui uma estrutura semelhante e, com ela, é possível tocar todo tipo de música”, afirma, enquanto toca um trecho do samba Brasileirinho.
A intenção é ampliar o número de alunos atendidos pela escola. O apoio do Governo do Estado, por meio da Secretaria Estadual da Cultura, vai ajudar a tornar essa meta uma realidade. “Com o apoio às escolas de rabecas, em Bom Jesus, de sanfonas, em São Raimundo Nonato, e de bandolins, em Oeiras, vamos fomentar a cultura e ajudar a preservar as riquezas presentes nessa região. O Piauí terá a primeira orquestra de rabecas do Brasil”, anuncia o secretário estadual da Cultura, Fábio Novo.
O secretário é um dos idealizadores do Festival de Rabecas da cidade, que em setembro deste ano completa sua 8ª edição. “Teremos a participação de músicos de 12 estados de todo o país e o Festival será aberto com uma apresentação dos alunos da Escola de Rabecas de Bom Jesus”, completa Fábio Novo.
Desafio para o professor Stayllon e para os alunos que até lá devem estar com o Hino da cidade na ponta dos dedos. Vinicius Pinheiro, de 17 anos, não parece se intimidar com a responsabilidade. O estudante do 1º ano do Ensino Médio nunca havia tocado nenhum instrumento até conhecer a rabeca. “Na minha família, tem uns primos que tocam algum instrumento. Eu nunca tinha tocado nada. Gostei da rabeca e faço aulas todo fim de semana. Quero fazer parte da orquestra”, diz Vinicius.
Alunos estão aprendendo a fazer o próprio instrumento
Os alunos da Escola de Rabecas de Bom Jesus, além de aprender a “tirar o som”, estão aprendendo a fazer seu próprio instrumento. Vinicius Pinheiro é um dos alunos que pode se orgulhar e dizer: eu construí a minha rabeca. O instrumento, de origem árabe, é todo artesanal e feito de madeira de cedro. No arco, linha de naylon. Na caixa tem a “alma”, que ajuda a ecoar o som na caixa acústica.