Com 7,22 casos por 100 mil habitantes, o Piauí tem o segundo maior índice de violência contra a mulher, entre nove estados do Brasil monitorados pela Rede de Observatórios da Segurança. O relatório "Elas Vivem: um caminho de luta" foi divulgado nesta quinta-feira (13).
Além do Piauí, os estados monitorados são Amazonas, Pará, Maranhão, Ceará, Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo. Conforme relatório, o Piauí está atrás somente do Amazonas, que registrou 15,32 casos de violência a cada 100 mil habitantes,
A Rede de Observatórios da Segurança aponta que o Piauí registrou, no ano passado, aumento de 17,8% nos casos de violência de gênero, em comparação com 2023. Foram 238 registros em 2024 contra 202 casos no ano anterior. A capital Teresina possui o maior número de ocorrências, com 101, seguida por Parnaíba, com 14.
O levantamento contabiliza que do número total de registros, 36 foram feminicídios. No entanto, o Relatório Anual da Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Piauí indica que 40 mulheres foram assassinadas no estado em 2024.
Desconhecimento sobre vítimas atrapalha construção de políticas públicas
O boletim "Elas Vivem: um caminho de luta" destacou ainda a necessidade de mais transparência nas investigações de feminicídios. Entre os casos registrados no Piauí, 97,2% não dispõem de informações sobre características sociais e étnico-raciais das vítimas. Ou seja, a cor da pele, a profissão e dados sobre escolaridade e renda familiar da vítima são ignorados em quase todos os casos.
Esses dados, conforme os pesquisadores, são necessários para o entendimento dos crimes e para o direcionamento de políticas públicas de combate à violência contra a mulher.
Além disso, não existem dados oficiais sobre a violência contra mulheres trans no Piauí, o que, de acordo com o boletim, "evidencia uma invisibilidade que ignora a realidade e dificulta o acesso a serviços de acolhimento e de denúncia".
Motivação também não é revelada em mais da metade dos feminicídios
O documento ressalta ainda que até mesmo informações sobre o que motivou os crimes estão ausentes em 52,7% dos casos.
"Frequentemente os documentos oficiais omitem informações, o que reforça a necessidade de investigações aprofundadas considerando as legislações vigentes".
"Urge fortalecer as políticas públicas de enfrentamento à violência, maior investimento nos serviços desenvolvidos pela Rede de Atendimento, ações e parcerias de conscientização masculina. Muitas mulheres não conseguem chegar à Central de Flagrante de Gênero, seja pela dificuldade de mobilidade urbana, condição econômica, fragilidade emocional e/ou ausência de uma rede de apoio", conclui o boletim.
Confira os canais de denúncia no Piauí para casos de violência contra mulher
O g1 listou os canais de ajuda que a população pode acionar para denunciar os casos de violência doméstica. Veja:
Polícia Militar do Piauí
O 190 é o número disponibilizado pela PM para que a população possa realizar denúncias de casos de violência contra a mulher;
Número 180, da Central de Atendimento à Mulher, do Governo Federal.
Guarda Civil Municipal de Teresina
A Guarda Maria da Penha disponibiliza o 153 para ligação.
Ouvidoria da Secretaria da Mulher
A Secretaria da Mulher disponibilizou o contato (86) 9 99432-6900 para denúncias.
Aplicativos
O protocolo de atendimento emergencial para mulheres em situação de violência no estado é o “Ei, mermã! Não se cale!” através do número 0800-000-1673.
Índice de casos de violência contra a mulher por 100 mil habitantes
Posição Estado Taxa por 100 mil habitantes
1º Amazonas 15,32
2º Piauí 7,22
3º Maranhão 5,34
4º Pará 4,60
5º Rio de Janeiro 3,78
6º Pernambuco 3,52
7º São Paulo 2,65
8º Ceará 1,94
9º Bahia 1,82
Fonte: Rede de Observatórios de Segurança