A greve dos caminhoneiros completou seis dias neste domingo (27) no Piauí, com pontos de interdição parcial nas rodovias federais, vários postos de combustíveis desabastecidos e escassez de produtos nos mercados, inclusive com limitação na quantidade de produtos vendidos por consumidor.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal, são quatro as cidades piauienses com rodovias onde há protestos. As interdições, assim como desde o início da greve, são apenas parciais e ainda não houve necessidade de intervenção da polícia.
Apenas veículos de carga ficam retidos pelos manifestantes. Segundo a PRF, no início deste domingo havia interdição parcial nas cidades de Picos, no KM 326 da BR-316; em Teresina, no KM 1 da BR-316; em Bom Jesus, no KM 351 da BR-135 e no KM 306 da BR-230, em Floriano.
Já chega a 90% o total de postos sem combustível no Piauí, segundo o presidente do Sindicato dos Postos Revendedores de Combustíveis, Alexandre Valença. Os consumidores fazem fila onde ainda existe gasolina ou etanol, o que foi registrado pelo G1 neste domingo (27).
"Há alguns postos em cada zona da cidade, mas no geral já não tem mais gasolina nem etanol. O diesel acredito que ainda dure mais um dia", explicou Alexandre.
O terminal de petróleo de Teresina é ponto de manifestação dos caminhoneiros e de motoristas da Uber, que impedem a saída de caminhões-tanque para os postos desde quinta-feira (24).
Segundo Alexandre, após a criação do Comando de Gerenciamento de Crise, da Secretaria de Segurança em parceria com o sindicato dos postos, apenas oito caminhões foram liberados do terminal para abastecer veículos que prestam serviços essenciais, como ambulâncias e viaturas.
Taxis
Metade da frota de táxi de Teresina já está parada, segundo Pedro Ferreira, presidente da Cooperativa de Taxistas do Piauí. Segundo ele, na cidade são cerca de 1,4 mil táxis, mas metade não está mais rodando por falta de combustível.
"Não temos mais onde abastecer, não tem como rodar. Estamos mantendo apenas aqueles serviços que mantemos por contrato com clientes e empresas que já têm acordo, porque precisamos cumprir nossa palavra. Mas quem liga precisando de táxi, praticamente não conseguimos mais antender. Teresina está parada", declarou o presidente.
Segundo ele, cada táxi consome em média um tanque cheio de combustível a cada dois dias. Dessa forma, com a falta de abastecimento nos postos desde sexta-feira (24), a maioria já não tem gasolina nem etanol nos carros.
Ceasa
Na Ceasa, a falta de produtos afeta principalmente o mercado atacado. Desde a última sexta-feira (25) o fluxo de caminhões está reduzido no local. De acordo com o gerente de mercado Marcos Massaranduba, o estoque está reduzido em todos os produtos, principalmente em folhagens, mas os permissionários têm tentado contornar a situação.
“O estoque está mínimo de tudo, principalmente folhagens, que não é possível estocar e não está tendo abastecimento. Alguns permissionários conseguiram vir com seus carros menores, picape pequena, lota o carro para vender, mas o atacado não consegue entrar”, explica.
Com os problemas de abastecimento, foi registrado aumento de preços em diversos produtos. Dentre os aumentos, o tomate e a cenoura registraram maiores altas – entre 20 e 50%. Neste domingo (27), a Central não espera receber caminhões, mas a expectativa é que cheguem produtos para abastecimento a partir da madrugada desta segunda-feira (28).
Mercados
Aviso em supermercado de Teresina diz que produtos estão faltando (Foto: Neyara Pinheiro/Rede Clube)
Em Teresina, os supermercados já justificam a falta de alguns produtos: a greve dos caminhoneiros. No litoral piauiense, seis lojas de uma mesma rede estão desde sexta-feira (25) limitando as compras de produtos de hortifruti para não zerar o estoque.
Segundo o gerente Rafael Rocha, a procura pelos produtos aumentou depois do início do movimento dos caminhoneiros e como não há previsão para um novo abastecimento nas lojas, a gerência decidiu adotar a medida. Placas fixadas no setor de hortifruti alertam aos clientes que o supermercado está limitando três quilos de produto por consumidor.