Publicada em 04 de Janeiro de 2016 �s 09h48
Durante o ano de 2015, o Piauí realizou dezenove captações de múltiplos órgãos (rim, fígado e coração) para transplante. O maior número já registrado pelo estado desse tipo de procedimento. Em 2014 foram dezessete. Os dados são da Organização de Procura de Órgãos e Tecidos para Transplante (OPO), com sede no Hospital Getúlio Vargas (HGV). No Piauí, o HGV é o único que conta com uma equipe para retirada multiorgânica. O vice-coordenador da OPO, Gilson Cantuário, comemora o resultado, mas enfatiza que alguns fatores ainda dificultam a doação. Ele aponta a falta de informação como o principal deles. “Enquanto a fila por transplantes cresce, o número de doadores não segue o mesmo ritmo. É preciso o envolvimento da população. Ela deve saber o que é doação e o que é transplante. Nesse aspecto, o papel da mídia é fundamental. O Piauí, por exemplo, possui apenas seis doadores por milhão de habitantes”, observa o vice-coordenador. Ele explica que, para ser doador, não é necessário deixar nada por escrito, basta comunicar à família o desejo de doar. Isso porque, o procedimento só é feito após autorização familiar. “Um potencial doador de múltiplos órgãos é todo paciente com acometimento neurológico de causa conhecida, em coma com ausência de qualquer reação ou resposta motora e que teve o protocolo para o diagnóstico de morte encefálica iniciado”, enfatiza Gilson Cantuário. O vice-coordenador da OPO lembra que, para as pessoas que aguardam por um transplante, o procedimento é considerado a melhor forma de tratamento, pois dá uma maior qualidade de vida a elas. “Para muitos pacientes, o transplante representa a única chance e esperança de continuar vivendo. É uma corrida contra o tempo para salvar vidas”, pontua Cantuário. O Piauí, por enquanto, realiza somente transplante renal, cuja fila atual é de 183 pessoas. “O HGV é um dos dois hospitais que realizam transplante de rim no estado, sendo o único da rede pública. Os demais órgãos são encaminhados para outros estados como Ceará e Pernambuco, conforme a compatibilidade do paciente e obedecendo a lista do Sistema Nacional de Transplantes”, encerra o vice-coordenador. A OPO é a parte operacional da Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos do Piauí e objetiva realizar atividades de procura e identificação de potenciais doadores, falecidos ou com morte cerebral. Diariamente, uma equipe de profissionais percorre os hospitais e o Instituto Médico Legal (IML) de Teresina, em busca de potenciais doadores.