A Polícia Federal fez, na manhã desta terça-feira (21), busca e apreensão de documentos e computadores na casa do empresário Fernando Cavendish, ex-presidente da construtora Delta, e em mais dez endereços de pessoas ligadas aos negócios do empresário, envolvendo sede e filial da empresa de engenharia Delta, seus controladores, contadores e inclusive potenciais "laranjas".
O ex-presidente da construtora Delta, Fernando Cavendish, na CPI do Cachoeira em agosto do ano passado
Aproximadamente 100 policiais fizeram apreensões em São Paulo, Rio de Janeiro e Goiás dentro da "Operação Saqueador". Segundo a PF, foram verificados fortes indícios de transferências milionárias de recursos da empresa Delta para sociedades de fachada. Os recursos foram possivelmente desviados de obras públicas.
A investigação é resultado da CPI que investigou esquema de corrupção comandado por Carlinhos Cachoeira no Congresso Nacional em 2012. A comissão acabou sendo marcada por acordo entre os líderes dos principais partidos para suavizar as denúncias que respingavam em diferentes setores. A PF retomou a apuração a partir de documentos da comissão.
Relatórios da CPI mostravam a ligação do grupo de Cachoeira com a empresa Delta Construções, que cresceu fazendo negócios com o setor público e é a empreiteira que mais recebe recursos do governo federal desde 2007.
Segundo o procurador da República Antonio do Passo Cabral, responsável pelo caso, a investigação seguirá agora com a finalização da perícia e o tratamento dos elementos de prova obtidos nas buscas.
Se forem comprovadas as suspeitas da investigação, os responsáveis irão responder pelo crime de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, peculato, entre outros.
Em maio, a Justiça Federal condenou, em primeira instância, Fernando Cavendish a quatro anos e seis meses de reclusão por desvio de verbas públicas federais. De acordo com a sentença, o regime inicial de cumprimento da pena seria o semiaberto. Segundo o processo, Cavendish e o ex-prefeito do município de Iguaba Grande (RJ), Hugo Canellas Rodrigues Filho (PMDB), desviaram recursos públicos liberados pelo governo federal para as obras de despoluição da Lagoa de Araruama, na Região dos Lagos.
Amizade com Cabral
Em maio do ano passado, foram divulgadas fotos que mostram o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), e o presidente licenciado da Delta num restaurante em Monte Carlo, no principado de Mônaco.
O governador estava acompanhado de sua mulher, Adriana Ancelmo, de Cavendish e da mulher dele, Jordana Kfouri, morta em um acidente de helicóptero na Bahia em junho de 2011. No acidente também morreu a namorada de um filho de Cabral. Eles aparecem brindando com champanhe.