Apesar de a projeção para a inflação não dar trégua e permanecer encostada no limite da meta do governo, o Banco Central prevê queda nas expectativas de alta de preços neste ano. De acordo com a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta quinta-feira, a baixa confiança do brasileiro na economia potencializará todo o aperto monetário feito pelo BC no último ano. Ou seja, o desânimo com as condições econômicas ampliará todo o efeito das nove altas de juros feitas de abril do ano passado.
“O Comitê avalia que os efeitos da elevação da Taxa Selic sobre a inflação, em parte, ainda estão por se materializar”, diz o documento. "Além disso, é plausível afirmar que, na presença de níveis de confiança relativamente modestos, os efeitos das ações de política monetária sobre a inflação tendem a ser potencializados". saiba mais Não estamos chamando capital especulativo, diz Guido Mantega Férias coletivas chegam às fábricas de eletrodomésticos e eletrônicos Balança comercial tem pior resultado para meses de maio em 12 anos Brasil cresce menos que países afetados pela crise Economia perde força, consumo das famílias recua e PIB cresce 0,2% no 1º tri Leia mais sobre Economia brasileira
Nas contas do Copom, as projeções para a inflação caíram não apenas para este ano, mas também para meados do ano que vem. Esses cálculos foram feitos com a taxa básica de juros (Selic) estável em 11% e com a colaboração do dólar que estava em R$ 2,20 na semana passada. Essa combinação de juros mais altos e moeda americana mais fraca ajudaram o combate ao aumento de preços. Por outro lado, o BC avisou: as previsões para o IPCA continuaram acima da meta.
QUEDA NA EXPECTATIVA PARA O PIB
O Banco Central justificou que a inflação tende a cair no futuro e explicou por que o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a taxa básica de juros (Selic) em 11% ao ano na semana passada. Com isso, encerrou o mais longo ciclo de aperto monetário de sua história.
“O Copom destaca que, em momentos como o atual, a política monetária deve se manter vigilante, de modo a minimizar riscos de que níveis elevados de inflação, como o observado nos últimos doze meses, persistam no horizonte relevante para a política monetária”, diz o documento.
O comitê mudou de ideia em relação ao crescimento do Brasil. Admitiu que o país não deve crescer os mesmo 2,3% que no ano passado (como esperava desde a última reunião do Copom). Agora, os diretores do BC dizem que a expansão da atividade econômica deve ser “menos intensa” do que em 2013.
ELEVAÇÕES COMEÇARAM EM ABRIL DE 2013
Desde abril do ano passado, o BC passou a elevar os juros para conter a inflação. A Selic estava em 7,25% ao ano. E sofreu nove altas seguidas, aumentou 3,75 pontos percentuais.
Na semana passada, o comunicado divulgado imediatamente após a reunião, o BC deixou a porta aberta para rever a decisão no futuro. Justificou que "neste momento" interromper o ciclo de alta era a decisão mais acertada.
Nos últimos 12 meses, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) está em 6,28%. A meta para este ano é de 4,5%. No entanto, há uma margem de tolerância de 2 pontos percentuais.
No relatório de inflação, divulgado em março, o BC havia alertado que se a taxa de juros ficasse estável em 10,75% ao ano e o dólar em R$ 2,35, as projeções para a inflação aumentariam. A aposta para o IPCA subiu de 5,6% para 6,1%. Pela primeira vez, o BC culpou claramente o Ministério da Fazenda por não conseguir baixar a inflação no Brasil.