O agricultor piauiense Francisco Raimundo de Lima, 52 anos, diagosticado com a febre do Nilo, relatou alguns sintomas da doença. Segundo ele, os primeiros sinais foram febre e dores de cabeça. "Em quatro meses, eu perdi o movimento das pernas e nos últimos dias as dores de cabeça voltaram", disse. O primeiro caso da doença em humanos no Brasil foi confirmado nesta terça-feira (9) pelo Ministério da Saúde, mas o órgão afirma que trata-se de um fato isolado e não representa risco de epidemia no país.
Morador da zona rural Aroeiras do Itaim, Sul do Piauí, Francisco Raimundo e mais quatro pessoas apresentaram sintomas neurológicos considerados suspeitos, no entanto, apenas os exames realizados no agricultor apresentaram resultado positivo. Ele contraiu a doença e desde agosto está sendo monitorando pela equipe do Instituto de Doenças Tropicais Natan Portela e técnicos do Ministério da Saúde.
A febre do Nilo Ocidental é uma infecção viral transmitida por meio da picada de mosquitos comuns, principalmente do gênero Culex (pernilongos). A doença é originária do Egito, norte da África, e cerca de 80% dos casos em humanos não apresentam sintomas.
Em entrevista ao telejornal PI TV 1ª Edição, o agricultor acredita que ficará recuperado e voltará a exercer suas atividades. "Se eu for comparar minha saúde agora com o que estava antes, posso dizer que já fiquei bom. Só não estou caminhando, mas sei que vou recuperar os movimentos das minhas pernas", disse.
Segundo o neurologista Marcelo Adriano Vieira, da Gerência de Epidemiologia da Fundação Municipal da Saúde de Teresina (FMS), o agricultor Francisco Raimundo de Lima poderá se reabilitar e retomar a rotina de antes. O médico ressalta que uma pessoa que teve febre do Nilo se torna imune ao vírus.
"Não há uma epidemia. Em 75 % dos casos a pessoa não sabe que está doente e em 25% dos casos a doença se manifesta como dengue", informou.
Os sintomas graves incluem febre alta, rigidez na nuca, desorientação, tremores, fraqueza muscular e paralisia. As pessoas gravemente afetadas podem desenvolver encefalite (inflamação do cérebro) ou meningite (inflamação das membranas do cérebro ou da espinal medula). Não existe tratamento específico para a Febre do Nilo. O tratamento do paciente infectado é de suporte e envolve hospitalização, reposição intravenosa de fluidos, suporte respiratório e prevenção de infecções secundárias.
A Secretaria Estadual de Saúde (Sesapi) informou que o agricultor chegou a ficar 20 dias internado, mas recebeu alta médica e atualmente está fazendo fisioterapia para tentar recuperar o movimento das pernas.