Pelo menos duas pessoas morreram e outras 70 ficaram feridas neste sábado no Egito, em uma onda de violência que se seguiu à sentença que confirmou a condenação à pena de morte de 21 torcedores. Eles são acusados de envolvimento no massacre ocorrido durante uma partida de futebol em Port Said entre o time local Al-Masry e o Al-Ahly de Cairo, no ano passado, que deixou mais de 70 mortos e centenas de feridos.
O julgamento enfureceu os moradores de Port Said, na entrada norte do Canal de Suez, ao confirmar sentenças de morte impostas a torcedores locais. Cerca de 2 mil habitantes tentaram, sem sucesso, bloquear balsas que cruzaram o Canal de Suez. Testemunhas disseram que jovens desamarraram barcos utilizados para abastecer navios, na esperança de que conseguiriam barrar o caminho de embarcações que passavam pelo canal. A polícia militar recuperou cinco desses barcos e os levou de voltar à margem, mas dois ainda estavam à deriva, disse uma testemunha.
Na mesma sentença proferida hoje, outros 28 réus foram absolvidos – incluindo sete membros da força policial –, o que acabou irritando os torcedores rivais no Cairo. Em protesto, manifestantes incendiaram prédios no centro da capital, como Clube de Oficiais da Polícia e a sede da Federação Egípcia de Futebol. Forças de segurança dispararam gás lacrimogêneo e balas de borracha contra os manifestantes, que revidaram com pedras e morteiros. Segundo fontes ouvidas pela agência EFE, duas pessoas morreram nos confrontos no Cairo.
Tragédia – O massacre de Port Said aconteceu no ano passado, no fim de uma partida entre o Al-Masry e o Al-Ahly. Espectadores foram esmagados quando multidões em pânico tentaram escapar do estádio após uma invasão dos torcedores do Al-Masry. Outros caíram ou foram atirados das arquibancadas. No incidente, 74 pessoas morreram - grande parte de torcedores do Al Ahly - e 254 ficaram feridas. A polícia foi culpada por sua passividade, e muitos egípcios acreditam que partidários do presidente deposto Hosni Mubarak instigaram a tragédia em represália aos protestos que tomaram o Cairo.
O juiz Sobhy Abdel Maguid, listando os nomes dos 21 torcedores do Al-Masry, detalhou que a corte de Cairo confirmou a pena de morte por enforcamento. Mais cinco pessoas foram sentenciadas à prisão perpétua, e outros 73 receberam sentenças mais curtas.
As penas de morte já haviam sido pronunciadas em 26 de janeiro e enviadas ao mufti - máxima autoridade religiosa - para que ele emitisse sua sentença, embora ainda restasse a confirmação da Justiça. O porta-voz oficial da presidência egípcia, Ihab Fahmi, disse que esta instituição não se pronunciará sobre as sentenças do tribunal, mas ressaltou que "as decisões da Justiça são obrigatórias e devem ser respeitadas".