Pelé se mostrou a favor das manifestações, mas não vê o período da Copa do Mundo o mais apropriado
Nomeado em 2011 pela presidente Dilma Rousseff (PT) como embaixador honorário do Brasil para promover a Copa do Mundo, Pelé parece não acreditar nem mesmo no que diz, em suas visitas ao Exterior. Durante entrevista coletiva realizada ontem, em São Paulo, o Rei do Futebol fez críticas ao governo, creditou como normal a morte ocorrida na Arena Corinthians e disse que o País está perdendo grande oportunidade de atrair turistas.
Imagem: Reprodução/InternetClique para ampliarPelé se mostrou a favor das manifestações, mas não vê o período da Copa do Mundo o mais apropriado Autêntico, Pelé deixou claro que está preocupado com a situação dos aeroportos brasileiros. “Tenho ido muito ao Exterior, acabei de voltar de viagens a Rússia e China, e quando chego aqui percebo a diferença. É um caos no aeroporto. O Brasil não passa (imagem de) boa organização para a Copa. É um evento que foi determinado há quatro anos e infelizmente o governo não fez o que deveria ser feito. Não era para estar com essa preocupação a dois meses da Copa. Isso deixa triste quem ama o futebol”, disse o ex-jogador.
Entre as perguntas que ouve no Exterior, Pelé disse que a maioria tem relação com Neymar, mas grande parte das pessoas o questiona sobre a violência no Rio de Janeiro, que estampa as páginas de diversos veículos internacionais.
“O Brasil teve alguns problemas. Inclusive essa morte na Arena Corinthians (do operário Fabio Hamilton Cruz, em março), é normal, faz parte da vida. Têm muito destaque lá fora essas ocupações das favelas. Isso preocupa muito os turistas europeus e me deixa triste. Era para ser um momento de aproveitar esses três eventos (Copa das Confederações, Copa do Mundo e Olimpíada), mas não estamos aproveitando direito. Na Copa das Confederações, ainda bem que o Brasil foi campeão, caso contrário não sei o que iria acontecer”, disse Pelé, referindo-se aos protestos populares.
O Rei do Futebol, aliás, se mostrou a favor das manifestações, mas não vê o período da Copa do Mundo o mais apropriado, apesar da grande repercussão que terá o evento.
“O pessoal está muito aborrecido com a corrupção na política, mas os jogadores não têm nada a ver com essa situação. Se estão roubando, se tem excesso (de gastos) nos estádios da Copa, tem que reivindicar mesmo, não deixar que roubem a vida toda, mas não neste momento e ainda pôr a culpa nos atletas. Quer reivindicar? Faça, tirem os políticos ladrões, mas poupem os jogadores”, pediu Pelé.
Seleção
Pelé voltou a apontar o Brasil como grande favorito ao título da Copa do Mundo, colocando a Alemanha como principal rival. Para o ex-jogador, contrariando a história, desta vez a força da Seleção Brasileira está na defesa.
“Em todas as Copas, o Brasil sempre chegou com ataque muito poderoso, mas desta vez será bem diferente. Nossa defesa está segura e o problema é do meio para frente. Temos o Neymar, que está pronto para assumir a responsabilidade, mas ainda temos que acertar alguns detalhes”, avaliou o Rei do Futebol. “Temos grandes atacantes, mas ainda não apareceu nenhum Romário ou Ronaldo para completar esse time”, comentou.
Sobre Neymar, Pelé disse que foi ótima a transferência do jogador do Santos para o Barcelona. “Quando estava no Brasil, conversei várias vezes com ele, pedi para deixar de ficar caindo, porque era craque. Na Espanha, sua atitude mudou um pouco, amadureceu e isso é ótimo para a Seleção Brasileira”, ressaltou Pelé, que não concordou com avaliação do ex-jogador holandês Johan Cruijff, que viu impossibilidade na parceria Neymar e Messi. “Acho que ele falou besteira. Na Copa de 1970 todo mundo dizia que não dava para jogar tantos atletas talentosos e formamos a melhor Seleção da história”, finalizou o Rei.